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Alice no país dos horrores

Os mercados de capitais pelo mundo passaram nesta semana por um capítulo bastante inusitado e que mais se assemelhou a uma obra de ficção bem ao estilo americanóide de desastre, terror e recuperação ainda que sem um final que possamos considerar feliz. Não, não foi obra de Tim Burton (diretor da recente caracterização de Alice no País das Maravilhas). Nossa história poderia ser adaptada para um Ai Lice no país dos horrores.

Realmente muitos investidores saíram machucados esta semana em função das perdas que visualizamos. Mas o que houve com os mercados?

Bom, vamos aos fatos. Como se não bastasse toda a problemática da crise grega e do enorme rombo em suas finanças, durante esta semana tivemos especulações mais fortes acerca da solvência de outros países europeus e, por conseguinte, a viabilidade da Comunidade Europeia como um todo. Isso porque, uma forma de solução alternativa e totalmente perniciosa para economia como um todo, seria a Grécia simplesmente dar o calote da dívida, sair da zona do Euro, adotar uma moeda grega, desvalorizada frente ao dolar de forma que suas exportações sejam favorecidas e, com isso, gerar superávits em balança comercial que ajudariam a estapagar sua dívida. Pois bem, se todos pensarem assim, seria o colapso da Comunidade Europeia. Mas calma, nem tudo é tão simples assim e o mercado acaba sempre exagerando em suas interpretações. O que resta, de fato, é o receio quanto aos desdobramentos desses questionamentos.

Como se não bastasse esse cenário dantesco, os mercados não são feitos por Homens de Ferro. Esses só “existem” no cinema mesmo. Sendo assim, atibui-se a um erro humano o fato da bolsa americana chegar a cair mais de 9% num único dia, ainda que este frenesi de mercado tenha durado apenas alguns minutos, na tarde de quinta-feira. O que ocorreu foi uma espécie de Hora do Pesadelo, com o protagonista Fredy Krueger virando operador de um grande banco americano. Brincadeiras à parte, o que se imagina que tenha ocorrido foi que algum operador de bolsa errou uma ordem muito grande puxando um determinado ativo para baixo e ocasionando o acionamento de muitas outras ordens de venda. Essas ordens, quase que automáticas de vendas, exacerbaram o movimento e se espalharam com uma velocidade enorme pelos mercados mundiais.

Em meio a isso, na mesma hora, surgiram boatos de que a polícia teria interrompido a decolagem de um avião da Fly Emirates que estaria indo para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com um passageiro que teria o nome parecido com a de uma pessoa que está na lista de “proibidos de viajar” dos EUA. Relmente algo de filme, faltou só o Rambo ou o Arnold Schwarzenegger para completar. Com tudo isso, a bolsa encerrou a semana com 6,90% de queda aos 62.870 pontos, realmente um final nada muito agradável.

Mas voltando à realidade, acredito no mercado de capitais, assim como no novo filme de Woody Allen, Tudo pode dar Certo. O pacote de ajuda à Grécia finalmente saiu e agora depende apenas dos gregos cortarem seus elevados gastos e coneguirem controlar seus ânimos. Quanto aos outros países do bloco, é dificil dizer se estão ou não solventes, mas pelo que temos observado, acreditamos que a situação seja diferente e que a situação não seja tão extrema assim. Nos EUA, aquilo que parecia uma Missão Impossível, reerguer a economia, parece estar acontecendo; na China, o Tigre e o Dragão parecem estar trabalhando bem e os números de sua economia têm se mostrado bastante fortes. Internamente, temos visto uma Tropa de Elite de empresas sólidas, reportando bons números trimestrais na safra de balanços.

Para a próxima semana, esperamos não ser surpreendidos por algum presente de grego e que não vejamos nenhuma Guerra de Tróia por lá.

William Castro Alves

Analista da XP Investimentos

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