Antigamente era melhor? – Jayme José de Oliveira

PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira “Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”. ANTIGAMENTE ERA MELHOR? Nossos antepassados tinham uma vida melhor…
Jayme José de Oliveira
Foto: Jayme José de Oliveira

PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

ANTIGAMENTE ERA MELHOR?

Nossos antepassados tinham uma vida melhor que a nossa? Como era a vida em séculos passados, mesmo nos países mais ricos? A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento (OCDE), após analisar as mudanças no bem-estar e a qualidade de vida em todas as regiões concluiu que ocorreu um salto positivo nos últimos séculos.

O estudo avalia a evolução do Produto Interno Bruto (PIB), a diminuição da desigualdade, a educação, a esperajaymença, o fortalecimento da democracia e da segurança em nível global, com exceção da África subsaariana. Mesmo esta região teve progressos consideráveis.

A renda per capita cresceu dez vezes e o salário dos operários se multiplicou por oito. Outro ponto a considerar é a globalização, embora tenha contribuído para acentuar a desigualdade entre países diminuiu as diferenças entre as economias. É indiscutível que há discrepâncias entre países do 1º mundo e os demais, porém, estes cresceram de maneira consistente.

Há dois séculos, menos de 20% da população mundial era alfabetizada, hoje subiu para 80%. A expectativa de vida era de apenas 30 anos na média, subiu para 70 anos em nível mundial e acima de 80 anos em núcleos mais privilegiados. Após a descoberta dos telômerose da enzima telomerase, abre-se a perspectiva de atingir os 150 anos ou mais num período não muito distante. Um detalhe a ser considerado, será imperativo vencer as degenerações cerebrais, principalmente o Alzheimer. Não tem sentido viver dezenas de anos a mais em estado de senilidade total. Os progressos da medicina apontam para a resolução deste e de outros entraves. Já vencemos epidemias com as vacinas, infecções com os antibióticos e outros que tais, os transplantes estão ao alcance até para os menos abonados e tantos outros avanços que é impossível abordar numa coluna.

Quanto à violência, ela persiste, porém em escala infinitamente menor, práticas que eram inclusive admitidas pela Justiça, como a crucificação e morte em fogueiras, por exemplo, atualmente seriam inadmissíveis. Hoje causa repulsa e o próbio público a escravidão e os casos que se verificam são motivo de execração pública.

Pergunte para o seu avô e ele lhe dirá que em alguns aspectos era mais aprazível. Não havia o estresse que o assola, mas as diversões, por exemplo, eram limitadas. Sem televisão, rádio era luxo para abonados, internet, computadores, telefone, celulares só em filmes de ficção, o próprio cinema então… Viajar uma dificuldade, para a Europa, em navios a vela com tempo avaliado em meses e perigos sempre presentes, sujeitos a naufrágios. Partia-se sem saber se haveria chegada.

Tem os que afirmam que antigamente tudo era melhor. Mentira! A vida era mais dura, cirurgias SEM ANESTESIA.

Aposentadoria, o que é isso? Trabalhava-se até 16 horas diárias, sem descanso semanal nem feriados. Thomas Morus escreveu “UTOPIA” em 1516 e até hoje soa como um sonho quando nela SE ADMITIA A ESCRAVIDÃO e escalada social não estava no horizonte. Envelhecer? Uma angústia para os que não eram socorridos por familiares.

Como complemento estender-me-ei no nosso modo de viver enfrentando as doenças com técnicas médicas eficientes e, principalmente, a erradicação de doenças milenares após o advento das VACINAS.

Edward Jenner, em 1796, criou a vacina contra a varíola inoculando o pus da ordenadora Sarah Nelmes num menino de oito anos de nome James Phillips que ficou imunizado, foi o primeiro caso comprovado de sucesso para se prevenir de uma doença que tinha uma letalidade de 60%. Uma doença que no século passado matou mais de 300 milhões de infectados, não se pode calcular o total nos mais de 3 mil anos em que agiu sem esperança de cura.

Há 50 anos, em abril de 1971, 19 moradores da Vila Cruzeiro, Penha, Rio de Janeiro, foram os últimos a terem varíola no Brasil.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez os derradeiros registros em 1975, em Bangladech e na Somália. Como nenhum caso foi mais notificado, em 1980 reconheceu a erradicação no mundo.

A varíola não é apenas uma doença para a qual foi desenvolvida a primeira vacina, sua erradicação livrou o mundo da MORTE DE 30% DOS INFECTADOS. Os sobreviventes ficavam com as cicatrizes desfigurantes bolhas pelo resto da vida.

Oficialmente, só dois laboratórios, altamente vigiados possuem culturas do vírus: um em Atlanta, Estados Unidos e outro em Koltsovo, Sibéria. A razão deste fato é a possibilidade de, principalmente se forem usados como arma biológica, possam ser usados para a fabricação imediata de vacinas.

Como as novas gerações não foram imunizadas, uma pandemia incontrolável seria deflagrada antes que os laboratórios pudessem utilizar os vírus coletados de doentes.

FATO: As vacinas dão a única forma de prevenir e erradicar doenças e, após o sucesso com a varíola, nos encaminhamos para que isso se concretize em outras mais. Existe um enorme esforço global para a erradicação de doenças como a poliomielite (paralisia infantil) – a mais próxima de ter sucesso -, o sarampo, a rubéola e a difteria.

É inconcebível que autoridades desdenhem reconhecer este FATO e insistam em recomendar tratamentos ineficazes. A Covid-19, no Brasil inclusive, é responsável por centenas de milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas, caso nossas autoridades tivessem implementado uma vacinação em massa desde o INÍCIO DA PANDEMIA.

IDESCULPÁVEL é o termo correto para nominar este despautério.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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