Ao Mestre, com carinho
Meu caro Sergio, muito obrigado pelo convite para o lançamento de ‘Não permita, Deus, que eu morra’ – o qual, espero, será o começo de uma longa e bem sucedida série. Não poderei ir por um motivo só possível na ficção(e neste, no realismo mágico) é que no mesmo dia, à mesma hora tenho de estar no lançamento de ‘Max e os Felinos’ do qual sou o autor, e que faz parte de uma série que a L&PM anunciará com um coquetel, para o qual, é claro, também estás convidado. De qualquer modo, estarei espiritualmente presente, rendendo-te a homenagem que mereces.
O abraço do Moacyr Scliar”.
Eis o testemunho, eternizado no bilhete já quase amarelecido – que guardo com outras relíquias, como as cartas avoengas cumprimentando-me pelo aniversário ou alguma pequena conquista literária –, da generosidade, traço marcante, de Moacyr Scliar. Moacyr foi fundamental na minha formação como cronista, desde os tempos em que eu escrevia no Suplemento Mulher, caderno editado aos sábados na saudosa Folha da Tarde. Dos livros que li do nosso Gaúcho Imortal, o singelo tributo:
Na sombria manhã de domingo, 27, Os Deuses de Raquel invadiram meus Caminhos dos Sonhos, nos quais trajava a elegante e severa a toga dos magistrados ante o espelho que refletia minha estampa – Doutor Miragem – e me anunciaram, não a rebelião na Líbia, mas que, naquele momento, acontecia A Guerra no Bom Fim. Eu dormia profundamente. Assim mesmo, entre sonhos e despertares – não fiz distinção – vislumbrei O Exército de um Homem Só.
Apesar de ser fevereiro, O Ciclo das Águas arrasou-me os Sonhos Tropicais e sequer respeitou O Centauro no Jardim. Entenderam (Os Deuses) ser aquele o Mês de Cães Danados e, como se fossem A Majestade do Xingu, decretaram que, no Carnaval, haveria A Festa no Castelo. Pra Você Eu Conto: ficara determinado que O Tio que Flutuava entregaria os convites para Max e os Felinos, para Os Voluntários e, mesmo respeitando A Condição Judaica d’A Mulher que Escreveu a Bíblia, não poderiam, em hipótese alguma, esquecer-se da Massagista Japonesa.
O contrário, seria a eloquente demonstração de preconceito e Cenas da Vida Minúscula. Mas, enquanto o carnaval não chega O Rio Grande Farroupilha há de engalanar Os Cavalos da República e, em contrito silêncio subir A Colina dos Suspiros.
Nas Memórias de um Aprendiz de Escritor, este domingo ficará marcado como o dia em que um Imortal, presenteado com as asas de um anjo, chegou n’Um País Chamado Infância.