As 10 maiores descobertas da medicina – Por Jayme José de Oliveira
A história da medicina inicia quando, numa sociedade que poderia ser mesmo familiar, alguém descobriu que poderia minorar os sofrimentos e doenças com ervas e outros produtos naturais. Quando ineficientes, especulava-se para as divindades.
Por volta de 2.600 a.C. Imhoptep foi admitido como o primeiro médico, era egípcio. Hipócrates, considerado o “pai da medicina” (460 a.C. – 370 a.C.) alegadamente nos legou o “juramento de Hipócrates”, até hoje lido em cerimônias de formatura e norteia a ética médica.
Até 150 anos não se conhecia sequer a existência de micróbios e as infecções eram debitadas a “miasmas”, exalações pútridas que emanavam de corpos em decomposição.
Na época, o templo da medicina era o Grande Hospital Geral de Viena onde, pasmem, médicos saíam das salas de necropsias para atender parturientes, sem sequer lavar as mãos.
Ignaz Philip Semmerweis foi quem defendeu a tese da contaminação cruzada pela primeira vez como causa da febre puerperal nas parturientes e, em consequência, o altíssimo nível de óbitos. Preconizou a introdução da ablução das mãos com composto clorado. Ridicularizado por seus pares, voltou à sua terra natal, a Hungria, onde faleceu vítima de septicemia, doença que tentou combater. É dele a declaração: “Você, pai de família sabe o que é chamar um médico para sua esposa? É expô-la e seu filho que ainda não nasceu à morte”.
Em um século e meio partimos para um imenso cabedal de pesquisas e descobertas. Joseph Lister (1.860), baseando-se em Louis Pasteur conseguiu implantar a cirurgia com antissepsia.
O médico Joffre Marcondes de Rezende, gastroenterologista e pesquisador da história da medicina, destacou em seu livro “A Sombra do Plátano” os dez mais importantes avanços na área – inovações que chegaram a modificar o destino da humanidade.
1 – IMUNIZAÇÃO PREVENTIVA
A maior contribuição foi no campo da prevenção das doenças por meio da imunização em massa e as ações desenvolvidas sobre o meio ambiente. Doenças como o tétano, difteria, coqueluche, sarampo, poliomielite, febre amarela e hepatite B já podem ser evitadas graças à existência de vacinas. Medidas voltadas ao meio ambiente, como saneamento básico, hábitos de higiene e melhoria nas habitações, também contribuíram em larga escala para a elevação do nível da saúde.
2 – DESCOBERTA DOS ANTIBIÓTICOS
A descoberta dos antibióticos reduziu drasticamente as taxas de mortalidade.
Doenças como a pneumonia e a febre tifoide matavam milhares de pessoas no mundo todo.
A lepra, a sífilis e a tuberculose, de difícil tratamento, também puderam ser curadas.
Algumas bactérias criaram resistência à substância o que incentivou uma busca continuada de novos tratamentos, aliada à regulamentação do uso.
3 – SÍNTESE DE HORMÔNIOS E VITAMINAS
O isolamento e determinação da estrutura de hormônios possibilitou sua síntese em laboratórios. Dois exemplos práticos são: A composição artificial da insulina usada no tratamento do diabetes e da cortisona de grande poder anti-inflamatório e imunossupressor.
A descoberta das vitaminas revolucionou a prevenção e o tratamento das doenças resultantes de carências específicas. Escorbuto, beribéri, pelagra e raquitismo raramente são encontradas na atualidade.
4 – DIAGNÓSTICO POR IMAGENS
A descoberta dos Raios X e sua aplicação com fins de diagnósticos, constituíram um marco importante.
Seu sucesso levou à busca de outros métodos de diagnóstico de lesões não detectáveis pelos métodos existentes.
A ressonância magnética capaz de gerar imagens nítidas de zonas magnetizadas substituiu outros exames mais agressivos.
5 – TÉCNICAS DE ALTA SENSIBILIDADE
Os laboratórios desenvolveram técnicas de alta sensibilidade para diagnóstico clínico. O radioimunoensaio que evoluiu para o método imunoenzimático permite detectar substâncias em concentrações infinitamente pequenas nos líquidos orgânicos e tecidos. Algumas dessas substância são os hormônios, os peptídios, os neurotransmissores, os antígenos e os anticorpos.
Pela descoberta do radioimunoensaio, Rosalyn Sussman Yallow, física nuclear estadunidense recebeu o prêmio Nobel de 1.974.
6 – FIBRO E VIDEOENDOSCOPIA
A fibroendoscopia substituiu os então utilizados aparelhos metálicos rígidos e cheios de limitações.
Em 1.958 a fibra ótica em endoscopia resolveu o problema da curvatura da luz. A novidade possibilitou a obtenção das imagens antes não alcançadas.
Vinte anos depois a fibroendoscopia foi superada pela videoendoscopia.
7 – ENGENHARIA GENÉTICA
O campo da engenharia genética deu origem à determinação da estrutura do DNA – base de toda a matéria viva e responsável pela transmissão do código genético. Mais tarde, reveladas as enzimas de restrição, capazes de fragmentar a molécula de DNA tornando possível alterar o código genético de uma célula introduzindo nela um fragmento de DNA de outra totalmente diferente. A engenharia genética já colabora para a produção de hormônios, enzimas e vacinas. Prevê-se uma atuação consideravelmente ampliada no futuro.
8 – FECUNDAÇÃO ARTIFICIAL
A fecundação artificial do óvulo em laboratório e o implante intrauterino do ovo fecundado são uma façanha sem paralelo a história da reprodução humana. No futuro prevê-se o desenvolvimento do embrião fora do ventre materno. Já a clonagem de animais pela manipulação celular mostrou ser possível a clonagem de seres humanos, tendo como restrição os empecilhos ditados pela moral. As células-tronco já provaram seu potencial no tratamento de doenças degenerativas.
9 – PROGRESSOS CIRÚRGICOS
Grandes progressos nos procedimentos cirúrgicos – com destaque para a cirurgia cardíaca, a neurocirurgia e oftalmologia – foram possíveis graças à colaboração de outras disciplinas, como a anestesiologia, a bacteriologia e a imunologia.
O coração, antes intocável, tornou-se um órgão acessível graças à introdução da circulação extracorpórea que permitiu a correção das malformações congênitas, a revascularização e outros tipos de operação. Já a neurocirurgia e a oftalmologia se beneficiaram com o raio laser.
10 – TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS
Os transplantes, inicialmente, se resumiam a um único órgão, o rim. Atualmente já é possível transplantar o coração, pulmão, fígado, tecido pancreático e medula óssea. No futuro, certamente, outros órgãos também poderão ser substituídos. O sucesso dos transplantes se deve, antes de tudo, à imunologia, pela descoberta dos antígenos de histocompatibilidade e à farmacologia pela obtenção de drogas imunossupressoras. O uso de próteses também tende a se expandir em diferentes especialidades pela disponibilidade de materiais inertes e duráveis, que não provocam reações teciduais de rejeição.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado