As catacumbas de Paris – Um passeio nos subterrâneos – Jayme José de Oliveira
Longe do glamour da Champs-Elysées e ainda desconhecidas por muitos turistas, as Catacumbas de Paris fazem parte do patrimônio turístico francês.
Na verdade, elas compõem um pedaço de um conjunto de mais de 300 km de galerias, conhecidas como Subterrâneos de Paris. Era dali que saía todo o calcário para as construções da cidade.
A parte das Catacumbas, ou Ossuário Municipal, destinadas à visitação, se estende somente por cerca de 1,7 km a 20 metros de profundidade. Mas é um percurso diferente e você nunca mais vai ver Paris com os mesmos olhos.
A história das Catacumbas começa no final do século XVIII. Naquela época, a cidade de Paris contava com 200 cemitérios, fora os mortos enterrados dentro das igrejas.
Segundo uma lei datada do período do Império Romano, os locais de descanso dos mortos deveriam ficar na periferia de Paris. No entanto, com o crescimento da cidade, os cemitérios passaram a integrar a área urbana e se tornaram locais de reunião de prostitutas, mendigos e ladrões. Além disso, com tantas epidemias, fome e guerras, a cidade já não tinha mais lugar para enterrar seus mortos e os cemitérios passaram a ser focos de infecção.
A situação de Paris era insalubre. O cemitério dos Santos Inocentes (cimetièredesSaints-Innocents), que ficava no bairro de LesHalles e era o mais importante da cidade, já tinha quase dez séculos de vida. Estima-se que nos seus últimos 30 anos de atividade, 80 000 cadáveres tenham sido depositados lá.
Então, em 1780, a administração da cidade decide fechá-lo. Cinco anos depois, uma nova ordem determina a transferência das ossadas para um outro lugar, no subsolo parisiense, chamado “Tombe-Issoire”. O local era onde funcionavam as antigas pedreiras de calcário. Logo em seguida, as ossadas dos outros cemitérios foram também transferidas para o lugar e todos os cadáveres passaram a ser colocados ali, principalmente na época da reforma urbana de Haussmann, que começou em 1852.
Outra curiosidade é em relação à disposição dos ossos que vemos ao visitarmos o local. Inspetor geral dos subterrâneos de 1808 a 1831, Visconde de Thury era o responsável para dar uma arrumação digna para o descanso eterno dos cadáveres. Então, ele decide dar a esses anônimos uma decoração sombria e melancólica, com os ossos maiores e crânios alinhados de maneira decorativa, atrás dos quais os esqueletos são depositados sem ordem.
Desde o início do século XIX, as Catacumbas são locais de turismo. Elas já acolheram, inclusive, visitantes famosos, como o imperador austríaco, Francisco I, em 1814, e até Napoleão III, que levou o filho para passear ali em 1.860,
Hoje, as Catacumbas de Paris detêm o título de maior necrópole do mundo, com seis milhões de ossadas. A cada ano, atraem milhares de visitantes dispostos a conhecer um pouquinho mais de um lado muito diferente da Cidade Luz.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado