Colunistas

As Luzes de uma cidade

Para Suzana Kliemann Lino, com amizade.

Estive em Porto Alegre, nos dias 20 e 21 deste outubro que cerrará sua passagem com o ato de fundamental importância para o futuro do estado democrático de direito: as eleições presidenciais. Se ela, a democracia, há de sobreviver, só tempo dirá.

Voltemos a Porto Alegre: cada vez mais efervescente e ruidosa; o trânsito, autêntico caos. Jamais se viu tanto automóvel nas ruas; consequência da amarga ilusão das 70 parcelas e do “juro zero”.

Exames clínicos, consulta médica e visita à velha mãe foram as razões primeiras de minha ida. O restante do tempo, o reservei ao prazer maior: desfrutar da programação cultural que aquela cidade oferece.

A quarta-feira fora extremamente rica: ao meio-dia, no Foyer Nobre do Theatro São Pedro, uma “palhinha” com a banda João Pedro e os Doutores do Rock. Ao prazeroso e primaveril entardecer, no Espaço Vonpar (ao ar livre) do Multipalco Theatro São Pedro, o instigante show com o Transmission e Viana Moog, excelente jazz band. Dali para a Assembleia Legislativa bastaram, apenas, dois passos: o jornalista e escritor Celito De Grandi lançava, no Salão Nobre daquele Paço, a obra que será o desiderato de toda uma sociedade: o desagravo ao então deputado estadual, Euclydes Nicolau Kliemann, personagem de uma tragédia que, há quarenta e oito anos, abalou toda uma estrutura da sociedade rio-grandense e que, ainda hoje, causa significativa comoção a quem a recorda: o assassinato, em 20 de junho de 1962, de sua jovem e linda mulher, Margit Kliemann.

Lá compareci, por óbvio, imbuído em adquirir o exemplar autografado pelo autor, e para resgatar um período extremamente significativo de minha adolescência: fui, à época, colega de aula de Suzana, a primeira das três filhas do inditoso casal, a quem, após o funesto acontecimento, jamais encontrara, até aquela noite do dia 20.

Li o livro – Caso Kliemann, a história de uma tragédia – e o recomendo. Dele tirei minhas conclusões, a que me reservo o direito de não enunciá-las, para não depreciar a expectativa dos ávidos leitores que não se furtarão em adquirir essa importante obra documental. Somente, então, escoimados de preconceitos e juízo antecipado, lhes será dado amplo direito de opinião. O contrário será a repetição do jornalismo irresponsável que ofertou asas a José Leopoldo e Silva, do Diário de Notícia, e Sérgio Jockymann, da Última Hora, este ficcionista por natureza, para “criarem” as figuras de uma cartomante e da malfadada “Dama de Vermelho”.

A quinta feira? Nem há porque comentá-la. Fica para outra crônica. Quem sabe?

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