Batizados e Enviados – Dom Jaime Pedro Kohl
A festa do batismo de Jesus fecha o ciclo litúrgico do Natal e joga mais um pouco de luz sobre o mistério que envolve a sua e a nossa vida.
No momento do batismo, segundo a narração de Lucas, “enquanto Jesus orava, o céu se abriu, desceu sobre ele o Espírito Santo em figura corpórea de pomba e ouviu-se uma voz do céu: Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu benquerer”.
Com a expressão “o céu se abriu”, Lucas quer evidenciar que ficou claro para Jesus o desígnio do Pai sobre sua identidade e missão.
A forma corpórea “como pomba” estabelece uma correlação com a pomba de Noé, um momento novo para criação e para a humanidade com a chegada do Messias, o Salvador do mundo.
A “voz do céu” indica o estilo judaico de manifestação do alto, comunicando com os seus enviados. Na bíblia, sempre que Deus se revela aos seus faz ouvir a sua voz.
O batismo de Jesus não acrescenta nada a sua identidade, mas revela a sua e a nossa dignidade de filhos de Deus; e também a sua e a nossa missão.
Na medida que conhecemos Jesus compreendemos melhor nossa identidade e missão. Quanto mais nos aproximamos Dele, mais clara fica a grandeza da graça que nos foi dada: a participação na vida de Cristo, ou seja, a vida de filhos no Filho. Única diferença é que aquilo que Ele é por natureza, nós o somos por graça.
Se compreendêssemos a grandeza da filiação divina, quão diferentes seriam as nossas atitudes, comportamentos e relações! Quão diferente seria o nosso mundo! Quanto mais respeito recíproco! Quanto mais solidariedade e entreajuda! Quanto mais gratidão a Deus!
“Batizados e enviados” é o título do subsídio que a Igreja nos propõe para o Mês Missionário Extraordinário. Isso indica que para o cristão não há separação entre o ser e o fazer. Ser batizado implica ser missionário”.
Como diz o texto de apresentação desse ano: “Conhecer Cristo ou não o conhecer, ser batizados e não o ser, abraçar a fé e pertencer à Igreja, viver o Evangelho da reconciliação e experimentar o perdão de Deus ou não fazem a verdadeira diferença”.
Por isso o Papa nos diz: “nós não temos um produto para vender, mas uma vida para comunicar: Deus, a sua vida divina, o seu amor misericordioso, a sua santidade! E é o Espírito Santo que nos envia, acompanha e inspira: é Ele o autor da missão”.
O Filho Unigênito de Deus que hoje se fez banhar pelo Batista, nos faça sentir o frescor do banho que um dia nos santificou e continue sua obra em nós iniciada.
Para refletir:
- Que compreensão tenho do Sacramento do Batismo? Reconheço nele algo bonito e santo, fonte de vida e de amor, graça colocada no meu coração gratuitamente pelo próprio Deus?
- Porque levo meus filhos para serem batizados? É por fé ou por superstição?
- Na nossa família costumamos lembrar e festejar o dia do nosso batismo? Que tal começar a partir do seu verdadeiro significado?
Textos Bíblicos: At 10, 34-38; Lc 3,15-22; Sl 28 (29).
Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório