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Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos

Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra.
Evangelho Segundo São Mateus – Cap V, versículo 4
 

Diz-nos o Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu capítulo IX:
 
“4. Por essas máximas, Jesus faz da brandura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência, uma lei.”
 
Deve ser, pois, com efeito, uma das metas de vida de cada um de nós: desenvolver estas virtudes, que nada mais são do que expressão de amor.
A violência, por conseguinte, deve ser abolida de nossas vidas.

Como, nos dias de hoje, principalmente em plagas conturbadas, cultivar a não-violência quando a mesma nos açoita e nos ameaça diuturnamente?
Se o desafio está aí, é porque deve ser enfrentado, e não procurarmos justificativas na autodefesa para reagir de forma igual.
O principal obstáculo, como sempre, somos nós.

Para percebermos a inadequação e inutilidade de darmos guarida à violência sob as várias formas que estão à nossa disposição, é necessário que nos coloquemos no lugar das vítimas, quando não sermos as próprias vítimas para darmos valor a virtudes como paciência, indulgência, perdão.

É uma questão de tempo para todos nós, espíritos humanos que passamos, rondamos e viremos a retornar a esta escola, a Terra, alcançar patamares de evolução que permitam sermos brandos e pacíficos. É o único caminho a seguir.

Quando Jesus diz que estes possuirão a Terra, não apenas exorta à meditação, mas vaticina que simplesmente é o que acontecerá.
Como em todos os ensinamentos do Mestre: “ouça quem tiver ouvidos para ouvir”.

A humanidade terrena caminha para isso, sem dúvida. Ainda que possa não parecer devido ao acesso parcial, mas que toma proporções totais, que temos às informações da miséria material e moral que grassa pela Terra.

Em nosso próprio país, se dermos guarida apenas ao que é veiculado nos meios de comunicação, não teremos idéia da grandeza e do bem que viceja ao nosso redor. Muitas vezes precisamos de testemunhos de emigrados de outras paragens que adotaram esta terra, tecendo rasgados elogios que nos fazem enternecer e repensar algum preconceito.

O auxílio dos mecanismos a que estamos sujeitos, na grandiosa lógica universal, nos chega através da atuação de legiões incontáveis de irmãos que estão no plano espiritual, possibilitam-nos incontáveis alternativas para alcançarmos estágios no âmbito da benevolência e pacifismo.
Tentemos algumas citações em nosso plano material.

A própria vida na Terra, a sobrevivência. E nesta, o seio familiar, onde almas que se amam e também se odeiam, lançam-se em desafios de ajuste onde a matéria as obriga a desenvolver a habilidade de ampararem-se em torno de necessidades em comum. E nesta luta, pouco a pouco são modificados os sentimentos destrutivos, para darem lugar ao amor, ou pelo menos o início deste.

Temos o meio social, as amizades, os interesses na busca de desenvolvimento intelectual, material, e sentimental.
No meio profissional, por força das injunções de organização, precisam-se superar dificuldades pessoais com o objetivo de realizar o todo, que no final realiza o indivíduo.

 E cada vez mais o homem vai tornando-se o “Ser Social”, aproximando interesses materiais, povos, culturas, pessoas, através do desenvolvimento tecnológico e da consciência de universalidade.

Distorções as há, pois fazem parte da imperfeição do ser. E estas vão aos poucos se contaminando da corrente benfazeja da evolução, propiciando a todos a oportunidade de redenção.

Mas o processo segue, através do trabalho incessante dos que estão vestidos na carne, e dos que transitam no éter.

Cita-nos o Evangelho Segundo o Espiritismo alguns aspectos que nos denunciam a evolução nesse sentido: afabilidade e doçura, paciência, obediência e resignação.

Numa primeira impressão, esse conjunto de suaves virtudes induziria a pensar num ser sem vontade, sujeito a qualquer força externa que o quisesse conduzir.

Mas na visão Espírita, muito pelo contrário. Esse comportamento exige, antes de tudo, muita força interior.

Com afabilidade e doçura buscaremos sempre harmonizar o ambiente, transmitir boas palavras, bons sentimentos e principalmente bons pensamentos, que é energia intangível, mas de grande influência nas relações. Para que essas virtudes alcancem seus objetivos, o pensamento deverá externar a luz de amor que deve existir no coração.

Com paciência venceremos principalmente as nossas imperfeições, auxiliando o objeto do nosso trabalho de indulgência e compreensão. Se uma superação material, o objetivo somos nós, se uma relação inter-pessoal, seremos nós e o irmão beneficiado, que acabará por perceber, num momento, a graça recebida. Cultivando o exercício da paciência, estaremos reforçando nossa capacidade de fazer frente aos desafios que nos reserva a vida. Não apenas a vida efêmera que possuímos na Terra, mas a vida de eternidade que possuímos.

A obediência, quando entendida sua necessidade, condizente com a leis Divinas, é tão essencial quanto ao soldado obedecer ao comandante.
A resignação, igualmente, é o reconhecimento de que, ainda que nos custe alto esforço, tem um objetivo maior.

Sobre essas duas virtudes, citamos passagem de um texto atribuído a Lázaro, psicografado em Paris, 1863:

“A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração (…)”

Todas essas e outras virtudes nós a conquistamos no dia a dia, no trato com tudo e com todos.

Superar frustrações, retendo valores morais, errando na tentativa de acertar e aprendendo com estes, é trabalho essencial e permanente.
Olharmo-nos diariamente no espelho da consciência é tarefa essencial no burilamento da jóia mais preciosa que possuímos, nossa existência eterna.

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