Vida & Saúde

BR-101 Sul: os problemas gerados pelo lixo jogado na rodovia

Em muitos trechos da BR-101 Sul, restos de pneus deixados por motoristas marcam tristemente as pistas. Garrafas plásticas, sacolas, latas de alumínio e uma infinidade de rejeitos são abandonados diariamente, entupindo bueiros e valetas, oferecendo riscos aos usuários da rodovia e degradando o meio ambiente.

Os trabalhos da retirada do acúmulo de rejeitos nas valetas, caixas de coleta e saídas dos bueiros, realizadas pelo Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), tem revelado uma situação preocupante.

A quantidade de lixo lançado na rodovia deflagra uma situação em que é visível a falta de conscientização ecológica.

Impacto ambiental – O primeiro impacto causado pelo lixo deixado na rodovia é visual, afirma o biólogo e professor, Rodrigo Ávila Mendonça. Os tipos de dejetos lançados – sacolas plásticas, garrafas PETs e vidro – não oferecem agentes contaminantes ao solo.

Porém, um dos problemas destacaDOS pelo biólogo refere-se a proliferação de mosquitos da dengue na água depositada pela chuva nos pneus. Com a facilidade de procriação do mosquito em ambiente oferecido pelos pneus descartados, a questão torna-se um problema de saúde publica, afirma Mendonça.

O lixo orgânico, como restos de comida, deixados em sacos plásticos, são altamente prejudiciais a fauna lindeira da rodovia. Ao procurar alimentos nos acúmulos de lixo depositados próximos da pista, muitos animais acabam ingerindo objetos plásticos, levando a morte por sufocamento.

Impacto na rodovia – O impacto do lixo deixado às margens da pista reflete-se nas obras de limpeza e conservação. Na dificuldade de escoamento da água da chuva, os bueiros transbordam e causam estragos no aterro da rodovia. Assim como nas valetas de escoamento na rodovia. Uma vez obstruídas com o lixo, elas transbordam e atingem o pavimento e as obras de duplicação da BR-101 Sul.


Depois de abandonado sobre a pista, o lixo acaba sendo transportado pela água da chuva e se acumulando em dutos e bueiros. O problema se agrava próximo as travessias urbanas, onde há maior concentração de pessoas e veículos.

Com a duplicação da BR-101 Sul concluída, há a probabilidade de que a quantidade de lixo depositado na rodovia vá aumentar. Diante do excesso de resíduos obstruindo os bueiros e valetas, o DNIT necessitará de mais equipes de trabalhadores e equipamentos para operações de limpeza em menores intervalos, acarretando aumento de recursos para a execução desses serviços

Segundo o superintendente do DNIT, Avani Aguiar de Sá, a situação do lixo na rodovia já passou por dias piores. “Já melhorou bastante, mas é de suma importância que não se deposite lixo na rodovia”, lembra ele.

Segurança na pista – O lixo jogado na BR-101 Sul, em alguns casos, oferece riscos de acidentes aos usuários. Restos de pneus, por exemplo, são barreiras perigosas para os motociclistas. Ao obstruir bueiros e valetas, a água que transborda para a pista forma uma película sobre a rodovia. Os veículos estão sujeitos a deslizar e perder a aderência (aquaplanagem) com a pista e causando um sério acidente.


Com o acúmulo de lixo na rodovia, alguns animais, como cães e urubus, procuram restos para a própria alimentação. No intuito de desviar desses animais, manobras bruscas podem acarretar em perda do controle do veículo, causando assim, acidentes.

Pneus – Os pneus abandonados nos acostamentos da BR-101 Sul vão se tornando passivos ambientais na medida em que cresce o número de unidades abandonadas. Na natureza, um pneu leva até 600 anos para se decompor.


De acordo com o biólogo Ivo Lessa Filho, autor do livro “Educação Ambiental e Reciclagem”, anualmente são produzidos mais de 730 milhões de pneus em todo o mundo e são descartados em torno de 800 milhões de unidades por ano, isto é, o descarte supera a produção em 8%.

Uma das alternativas mais usadas para o reaproveitamento dos pneus descartados é a recauchutagem. Neste processo, os pneus gastos recebem uma nova camada de borracha, tendo uma vida útil igual ao novo. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de recauchutagens.


Recauchutar não é reciclar. A reciclagem dos pneus é muito complicada, já que grande parte deles são modelos radiais, que possuem no interior uma estrutura metálica, feita de aço, que dificulta a separação da borracha e demanda um custo maior na trituração. Depois de triturada, a borracha recebe um banho químico, depois é moído e, por fim, é usado para diversos fins.

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