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Brasil deve crescer menos que o previsto por causa da crise

A atual projeção do Banco Central (BC) de crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2011, deve ser revisada para baixo e apresentada no Relatório de Inflação no fim do mês, caso a turbulência econômica global persista, admitiu o presidente da instituição, Alexandre Tombini. Ele participou de um evento promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em Washington.

Segundo o presidente do BC, há um risco maior de agravamento da crise global. No entanto, ele disse que o Brasil está bem preparado para enfrentar eventuais problemas, com um sistema financeiro sólido e robusto.

Nesta semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já reduziu as projeções de crescimento para a economia brasileira de 4,1% para 3,8%. O mercado também vem reduzindo suas previsões para o PIB brasileiro. Segundo o último Boletim Focus, levantamento semanal do Banco Central com base em consultas a instituições financeiras, a expectativa é avanço de 3,52% neste ano.

Em relação ao dólar, Tombini declarou que o BC está atento à evolução do mercado de câmbio e tem os instrumentos necessários para garantir que ele funcione da forma adequada. “Toda a vez que nós sentirmos a necessidade de entrar no mercado, o BC estará lá para assegurar a tranquilidade no funcionamento do mercado de câmbio no Brasil”.

As declarações foram feitas um dia após o BC ter anunciado a retomada das operações de swap cambial (que equivalem à venda de dólares no mercado futuro) pela primeira vez desde junho de 2009, para conter a alta da moeda americana, que ultrapassou a barreira de R$ 1,90, maior cotação em mais de um ano.

A medida serviu para atenuar o ritmo da valorização da moeda americana, mas Tombini não indicou se essas ações serão intensificadas. O dólar vem apresentando uma trajetória de alta em relações a diversas moedas, em um momento em que a dívida e o déficit na Europa se agravam e que o crescimento nos Estados Unidos continua fraco.

Tombini ressaltou ainda que a alta do dólar segue um movimento de aversão internacional ao risco em meio à lenta recuperação da economia dos Estados Unidos e o agravamento da situação fiscal na União Europeia. “Nós estamos em um momento de incerteza da economia global. As moedas de vários países têm se enfraquecido em um período mais recente. O real tem acompanhado esse movimento, de aversão ao risco, de instabilidade dos mercados, de questões ainda para serem resolvidas na Europa”.

Tombini disse ainda que o BC está monitorando o impacto das variações cambiais sobre os preços. “Temos de ver onde esse novo padrão do câmbio internacional vai se estabilizar nos próximos dias, semanas”, afirmou. “O impacto das variações de câmbio sobre os preços internos tem diminuído ao longo do tempo no Brasil. E nós vamos avaliar sempre essas condições no nosso trabalho no BC.”

O presidente do BC reiterou que o objetivo é trazer a taxa de inflação para o centro da meta, de 4,5%, no fim de 2012. Ele está na capital americana para participar do encontro de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 (grupo das maiores economias avançadas e emergentes, do qual o Brasil faz parte) e da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.

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