Brasília (DF) 26/08/2024 Esplanada dos ministérios sumiu por causa das fumaças das queimandas. Foto Lula Marques/ Agência Brasil © Lula Marques/ Agência Brasil
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Brasil em chamas: país concentra 75,9% dos incêndios da América do Sul

Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 5.132 focos de incêndio, concentrando impressionantes 75,9% das áreas afetadas pelo fogo em toda a América do Sul, segundo dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O bioma Cerrado, que registrou 2.489 focos, ultrapassou a Amazônia nas frentes de fogo. Especialistas apontam o cenário como preocupante, com o agravamento do período crítico.

A diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, destaca que a antecipação do período de incêndios é alarmante. “Estamos numa situação difícil, sem saber como serão os próximos meses.

A preocupação é que tenhamos um cenário semelhante ao de 2023, quando as queimadas pioraram nos últimos meses do ano, especialmente na Amazônia”, comentou Alencar.

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Somente nos primeiros dez dias de setembro, os focos registrados no Brasil já ultrapassam o dobro do mesmo período em 2023. Foram 37.492 focos de incêndio até agora, em comparação com 15.613 no ano passado.

Segundo Ane Alencar, essa intensificação resulta de uma combinação de fatores climáticos, como o segundo ano consecutivo de El Niño, o aquecimento global, além da ação humana.

No Cerrado, áreas de conservação como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, foram gravemente atingidas, com 10 mil hectares queimados.

Embora a Parquetur, empresa que administra as áreas turísticas da região, tenha afirmado que as áreas de visitação não foram afetadas, o avanço do fogo preocupa as autoridades.

A seca e os incêndios estão gerando consequências devastadoras para o meio ambiente e a saúde pública. A Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) foi acionada para auxiliar estados e municípios a minimizar os efeitos das queimadas na saúde humana.

A poluição do ar, causada pela fumaça dos incêndios, está gerando crises respiratórias e sobrecarregando o sistema de saúde.

Ane Alencar enfatiza que, além dos danos à saúde, os impactos econômicos e ambientais também são graves.

“As perdas vão desde a destruição de matérias-primas, como árvores frutíferas e madeira, até danos à agropecuária, com pastagens queimadas e gado morrendo ou sendo deslocado para outras áreas”, explicou a pesquisadora.

O Brasil enfrenta uma “tempestade perfeita” de fatores climáticos e humanos, que ampliam os incêndios.

Alencar alerta que, apesar das proibições ao manejo de fogo em muitas regiões, a conscientização pública é essencial para combater a crise, pois os recursos governamentais sozinhos não serão suficientes para conter a devastação.

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