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Bruna Surfistinha: ‘Filme não será apologia à prostituição’

Mal começou e já está rendendo polêmica o filme baseado no livro “O doce veneno do escorpião”, que contará a trajetória de Raquel Pacheco, também conhecida como Bruna Surfistinha. Na semana passada, o Ministério da Cultura liberou a produção para captar quase R$ 4 milhões por meio de mecanismo de renúncia fiscal. Em reportagem publicada pelo G1, muitos leitores criticaram a liberação, principalmente pelo teor do longa e pelo fato de a protagonista ser uma prostituta.

Raquel se defende, dizendo que é puro preconceito. “Eu sempre considerei que falar mal é o melhor ibope que há, tanto que o meu livro vendeu muito justamente numa época em que as pessoas falavam mal de mim. Acho que com o filme pode ser assim também. Eu não fiquei triste pelos comentários, mas demonstra o preconceito. Por que todos os filmes podem ter patrocínio e o que conta a história de uma garota de programa não pode?”, questiona a jovem, de 22 anos.

O longa mostrará como Raquel fugiu da casa dos pais, de classe média alta, para virar garota de programa. A direção será de Marcus Baldini e o roteiro, de Antonia Pellegrino. “O filme é uma livre adaptação do livro, com inúmeras situações ficcionadas. O recorte privilegia os 17, 18 anos da personagem”, adianta Antonia.

“Vai ter esse foco porque é o começo da minha história, quando eu me tornei garota de programa. Como o livro atingiu um público jovem, é importante mostrar como foi a minha juventude e adolescência”, completa Bruna. Segundo ela, o diretor quer fazer com que o longa não caia na censura para maiores de 18 anos, mas para isso precisará pegar leve nas cenas de sexo.

“Não tem como não mostrar sexo. Será um filme um pouco mais ousado, com cenas sensuais. Mas temos essa preocupação com o público, até porque não queremos fazer apologia à prostituição. Isso foi uma preocupação com o livro e continua sendo com o filme”, afirma Raquel. Antonia completa: “O filme tem muitas cenas de sexo, porque se trata da vida de uma prostituta, mas nunca as cenas são apelativas ou gratuitas”.

Por trás das câmeras

Raquel conta que sempre quis saber como um filme era feito e que pretende acompanhar todo o processo de transposição de “O doce veneno do escorpião”. “Todo esse negócio de filme foi muito louco! O Marcelo Duarte, meu editor, me ligou dizendo que havia duas produtoras interessadas em comprar os direitos do livro para fazer um filme. Obviamente eu não esperava que isso fosse acontecer, e até hoje parece que a ficha não caiu.”

Para ajudar no roteiro, Raquel tem se encontrado com Antonia e com o diretor. Ela revelou detalhes de sua história e, especialmente, suas impressões e sensações sobre tudo o que aconteceu. Os encontros têm sido filmados e devem virar um documentário, a ser incluído como extra no DVD do filme.

Mas atrás das câmeras é onde Raquel quer permanecer por enquanto. Ela diz que não há previsão de fazer uma ponta no longa-metragem e que não deve interferir na escolha do elenco. “Eu acho que seria interessante -e até disse isso para o Marcus- que fosse selecionada alguma atriz que ninguém conheça. Como foi o caso da Mel Lisboa, em ‘Presença de Anita’. Ela já trabalhava como atriz, mas ninguém sabia quem ela era, e a série deu um ‘boom’ na carreira dela. Eu sugeri que escolhessem uma pessoa que ainda não fosse conhecida do público. E quem sabe o filme pudesse dar um ‘boom’ na carreira dela também!”

Se o longa-metragem seguir os passos dos outros produtos que levam o nome de Bruna Surfistinha, de fato ele deve virar hit. “O doce veneno do escorpião” já vendeu cerca de 250 mil exemplares no Brasil e abriu espaço para o segundo livro de Raquel, “O que aprendi com Bruna Surfistinha – Lições de uma vida nada fácil”, que vendeu 25 mil cópias. O blog da ex-garota de programa recebe, segundo ela, 20 mil acessos diários.

“Eu sempre achei a Surfistinha a personagem mais interessante da internet brasileira. Descobri que a história dela é muito melhor que isso”, resume Antonia.

Em cima do palco

Se não quer se arriscar em frente às câmeras, Raquel decidiu ousar em cima do palco. “Fui convidada para fazer uma peça de teatro. Ainda está no papel, mas é quase certo que vai acabar saindo. A previsão é que a estréia seja até o final deste ano. Vou fazer um curso intensivo de atuação”, conta.

Além disso, a moça anuncia que está montando um “butique erótica” em São Paulo, a ser inaugurada em setembro ou outubro. A tal “butique”, ela explica, é uma espécie de sex shop mais moderno. “Não tem aquele ar pesado. O meu público-alvo serão as mulheres. Sempre freqüentei muito sex shop, e percebo que as mulheres não se sentem à vontade. Por isso, lá, só vai poder entrar mulher ou casal.”

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