Calda bordalesa: O escudo verde para suas plantas, da prevenção à cura

A calda bordalesa é uma aliada histórica e comprovada para a saúde de jardins e lavouras, funcionando como um verdadeiro escudo protetor contra uma vasta gama de doenças fúngicas e…
calda bordalesa, Plantas que afastam formigas da sua casa

A calda bordalesa é uma aliada histórica e comprovada para a saúde de jardins e lavouras, funcionando como um verdadeiro escudo protetor contra uma vasta gama de doenças fúngicas e bacterianas.

Para agricultores e jardineiros que buscam práticas sustentáveis e eficazes, compreender para que serve, como preparar e as curiosidades em torno dessa solução é crucial.

Para Que Serve a Calda Bordalesa?

A calda bordalesa é um fungicida e bactericida de contato, ou seja, ela age sobre a superfície da planta, criando uma barreira protetora que impede a germinação de esporos de fungos e o desenvolvimento de bactérias.

Sua ação se deve à combinação de sulfato de cobre e cal virgem, que juntos liberam íons de cobre. Esses íons são tóxicos para os microrganismos patogênicos, interrompendo seu metabolismo e reprodução.

Entre as principais doenças que a calda bordalesa ajuda a controlar, destacam-se:

  • Míldio: Uma das doenças mais comuns em videiras, tomateiros, pepineiros e aboboreiras, caracterizada por manchas amareladas nas folhas e um bolor branco na parte inferior.
  • Antracnose: Afeta diversas culturas, como feijão, manga, mamão, morango, causando manchas necróticas em folhas, caules e frutos.
  • Ferrugem: Amplamente distribuída, atinge plantas ornamentais, frutíferas e hortaliças, manifestando-se por pústulas alaranjadas ou avermelhadas nas folhas.
  • Mancha Púrpura: Doença séria em alho e cebola, provocando lesões necróticas nas folhas.
  • Podridão Parda: Prejudica pêssegos, ameixas, cerejas e outras frutas de caroço, causando o apodrecimento dos frutos.
  • Cercosporiose: Ataca diversas culturas, como beterraba e café, com manchas circulares nas folhas.
  • Bacterioses diversas: O cobre também tem ação bactericida, auxiliando no controle de diversas doenças causadas por bactérias.

É importante ressaltar que a calda bordalesa atua principalmente de forma preventiva. Sua aplicação antes do surgimento da doença é o cenário ideal para sua máxima eficácia.

No entanto, também pode ser utilizada em estágios iniciais de infecção para conter o avanço da doença.

Como Preparar a Calda Bordalesa?

A preparação da calda bordalesa exige cuidado e atenção às proporções para garantir a eficácia e evitar fitotoxicidade (danos às plantas). A receita tradicional e mais comum é a de 1%, que pode ser adaptada dependendo da cultura e da severidade do problema.

Receita de Calda Bordalesa a 1%:

  • 100 gramas de sulfato de cobre
  • 100 gramas de cal virgem (óxido de cálcio)
  • 10 litros de água

Materiais Necessários:

  • Dois baldes plásticos limpos (não use baldes metálicos)
  • Bastão para misturar
  • Pano fino ou peneira para coar
  • Luvas e óculos de proteção (essenciais para sua segurança!)
  • Medidor ou balança

Passo a Passo:

  1. Dissolver o Sulfato de Cobre: Em um dos baldes, dissolva o sulfato de cobre em 5 litros de água. Mexa bem até que os cristais se dissolvam completamente. É recomendável usar água morna para facilitar a dissolução.
  2. Hidratar a Cal Virgem: No outro balde, adicione a cal virgem aos poucos nos outros 5 litros de água, mexendo constantemente. A cal virgem libera calor ao ser hidratada, então manuseie com cuidado. Misture até obter uma “pasta” homogênea e leitosa, conhecida como leite de cal.
  3. Misturar as Soluções: Lentamente, adicione a solução de sulfato de cobre ao leite de cal, sempre mexendo vigorosamente. Nunca faça o contrário (adicionar o leite de cal ao sulfato de cobre), pois isso pode levar à formação de grumos e diminuir a eficácia da calda. A mistura final deve ter uma cor azul-celeste característica.
  4. Teste de pH (Opcional, mas Recomendado): Para garantir que a calda não está muito ácida e não queimará as plantas, é ideal fazer um teste de pH. Mergulhe uma lâmina de ferro limpa (como um prego) na calda por alguns minutos. Se aparecer uma mancha avermelhada de cobre na lâmina, a calda está ácida. Nesse caso, adicione um pouco mais de leite de cal até que o teste não mostre a mancha de cobre. O pH ideal da calda bordalesa é neutro ou ligeiramente alcalino (entre 7 e 8).
  5. Coar a Calda: Coe a calda pronta através de um pano fino ou peneira para remover quaisquer resíduos ou partículas que possam entupir o pulverizador.
  6. Aplicação: Utilize um pulverizador para aplicar a calda em todas as partes da planta (folhas, caules, ramos), garantindo uma cobertura uniforme. Aplique em dias secos e sem vento, preferencialmente nas horas mais frescas do dia (manhã ou final da tarde).

Precauções Importantes:

  • Use equipamentos de proteção individual (EPIs): luvas, óculos, máscara e roupas de manga comprida.
  • Não prepare a calda em recipientes metálicos.
  • Use a calda recém-preparada, pois ela perde a eficácia com o tempo.
  • Evite aplicar em dias de chuva iminente, pois a água pode lavar o produto.
  • Não aplique em plantas em floração, pois pode prejudicar os polinizadores.

Curiosidades Sobre a Calda Bordalesa

A história da calda bordalesa é tão rica quanto sua aplicação:

Origem Francesa: O nome “bordalesa” vem da região de Bordeaux, na França, famosa por seus vinhedos. No final do século XIX, os viticultores enfrentavam sérios problemas com o míldio, que devastava as videiras.

Descoberta Acidental: A descoberta da calda é atribuída ao botânico Alexis Millardet, em 1885. Ele observou que as videiras próximas às estradas, que eram pulverizadas com uma mistura de sulfato de cobre e cal para desencorajar o roubo de uvas (a mistura ficava visível e com gosto desagradável), não eram afetadas pelo míldio. Essa observação levou à investigação e formalização da receita.

Uso Agrícola Ampliado: A eficácia da calda bordalesa para o míldio de videira rapidamente se espalhou, e seu uso foi adaptado para combater outras doenças em uma vasta gama de culturas, tornando-se um dos fungicidas mais utilizados na agricultura mundial por décadas.

Permissão em Agricultura Orgânica: Apesar de ser um composto mineral, a calda bordalesa é permitida na agricultura orgânica em muitos países, desde que utilizada com moderação e seguindo as diretrizes específicas de cada certificadora. Isso se deve à sua origem natural e ao fato de que, quando bem preparada e aplicada, não deixa resíduos tóxicos no solo ou nas plantas a longo prazo.

Impacto Ambiental: Embora seja uma ferramenta valiosa, o uso excessivo de cobre pode levar ao acúmulo no solo, o que pode ser prejudicial a longo prazo para a microfauna e microflora. Por isso, a aplicação deve ser sempre estratégica e baseada na necessidade. A pesquisa por alternativas e a integração de diferentes métodos de controle são sempre incentivadas.

Novas Formulações: Atualmente, existem no mercado formulações prontas de calda bordalesa em pó ou líquidas, que oferecem maior praticidade na preparação. No entanto, a formulação caseira ainda é amplamente utilizada e valorizada pela sua economia e controle sobre os ingredientes.

A calda bordalesa permanece como uma solução robusta e ecologicamente mais amigável do que muitos fungicidas sintéticos, sendo um pilar para a saúde de plantas em diversos sistemas de cultivo.

Seu legado e eficácia, aliados ao conhecimento sobre sua correta preparação e uso, garantem a longevidade de sua importância na proteção fitossanitária.

Compreender a fundo a calda bordalesa e suas aplicações é investir na longevidade e produtividade de suas plantas.

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