Vida & Saúde

Câncer de cabeça e pescoço tem relação com HPV, mostra estudo

Um levantamento do Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp) apontou que cerca de 30% dos pacientes operados com câncer na região da cabeça e pescoço desenvolveram a doença por estarem infectados pelo papiloma vírus humano (HPV). O vírus é transmitido por meio de relações sexuais e está frequentemente associado a outros tipos de tumores, como o de colo de útero, vulva, vagina, ânus e pênis.

O estudo reforça o panorama de que as mulheres são mais afetadas pelo HPV. Segundo os dados levantados, 70% dos pacientes diagnosticados com tumores de garganta, boca e amídala, conhecidos como cânceres de cabeça e pescoço, são mulheres. “A predominância de mulheres se deve a um comportamento social de não prevenção no sexo oral”, explicou o médico cirurgião do Icesp, Marco Aurélio Kulcsar.

Apesar da menor incidência dos tumores em homens, Kulscar salienta que o efeito do vírus em ambos os sexos é o mesmo. Uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), feita em parceria com o Instituto de Virologia da Fiocruz, constatou que 75% dos diagnósticos de câncer de pênis estão associados à presença do HPV.

Segundo o cirurgião, a prevenção é a melhor solução. Quanto mais cedo o vírus for detectado, mais chances existem de evitar qualquer tipo de câncer. “Ao perceber a presença de verrugas, manchas, dor, demora na cicatrização, nódulo no pescoço ou mudanças na voz, deve-se procurar um médico. Os exames ginecológicos preventivos também são um ponto importante, principalmente para evitar o câncer de colo de útero”, disse.

O HPV tem mais de mais 100 variações, porém, quatro delas são mais nocivas e chegam a ser responsáveis por 80% dos casos de tumores no colo do útero. Para estas variações já existe vacina, porém, ela ainda não faz parte do calendário oficial determinado pelo Ministério da Saúde.

O levantamento do Icesp apontou também que os tumores de cabeça e pescoço relacionados ao HPV são menos agressivos, com melhores respostas ao tratamento do que os de outras origens, porém, quando associados ao tabagismo, tornam-se mais letais. A análise considerou os casos diagnosticados nos últimos dois anos e avaliou 1,2 mil pacientes. Tumores na região cerebral não se encaixam nas estatísticas.

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