Canola assume protagonismo na safra de inverno 2025 do Rio Grande do Sul, com crescimento de 37,41% na área plantada e alta de 68,99% na produção em relação ao ciclo anterior.
Segundo dados da Emater/RS-Ascar, divulgados em coletiva nesta segunda-feira (16/6), a cultura deverá ocupar 203.206 hectares e alcançar 352.893 toneladas produzidas, impulsionada por sua alta liquidez no mercado e incentivo das indústrias.
A região de Santa Rosa lidera o cultivo da canola no Estado, com 57.685 hectares plantados, seguida por Ijuí (48.021 ha), Santa Maria (45.475 ha) e Bagé (28.589 ha).
A produtividade média esperada é de 1.737 kg/ha. A expansão da canola ocorre em um cenário onde o produtor busca alternativas de cultivo rentáveis e com bom retorno comercial.
No total, a safra de inverno 2025 no Rio Grande do Sul deve atingir uma produção estimada de 4.936.010 toneladas de grãos, englobando trigo, aveia branca, canola e cevada, número 2,25% superior à safra de 2024.
No entanto, a área total cultivada será de 1.830.092 hectares, representando uma redução de 2,78%.
Canola
Segundo o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera, a expansão da canola é estratégica, pois “a cultura tem mercado garantido e boas condições de comercialização”, além de ser beneficiada pelo avanço da carinata, outra oleaginosa em ascensão. Baldissera destaca que, em tempos de custos elevados e riscos climáticos, produtores estão optando por culturas de menor investimento, como aveias e canola.
As aveias branca e preta grãos também apresentam expansão: a branca com alta de 8,91% na área cultivada e produção esperada de 904.375 toneladas (aumento de 11,78%), e a preta com 6,52% de crescimento em área.
Já o trigo, principal cultura de inverno, sofreu redução de 9,97% na área plantada, totalizando 1.198.276 hectares em 2025. Apesar da produtividade esperada ser 7,77% maior, a produção total será de 3.591.330 toneladas, ou seja, 2,95% menor que no ciclo anterior.
A retração do trigo se deve a fatores como risco climático, endividamento dos produtores e baixa demanda por crédito agrícola, segundo análise da Emater.
Até o momento, apenas 40% da área plantada com trigo foi financiada, comparado aos 70% financiados no mesmo período de 2024. A falta de acesso ao Proagro também inibiu a expansão da cultura.
No caso da cevada, houve uma queda de 21,97% na área cultivada, que será de 27.337 hectares, resultando em uma produção esperada de 87.413 toneladas, volume 19,90% menor em relação a 2024.
Durante a apresentação dos dados, estiveram presentes autoridades como o secretário da Agricultura do RS, Edivilson Brum, e o presidente da Emater, Luciano Schwerz, além de representantes da Conab, Famurs, Ceasa e IBGE. Schwerz definiu a safra como “desafiadora” e reforçou a importância do suporte técnico da Emater para potencializar a produção.
As adversidades climáticas dos últimos anos, com quatro estiagens consecutivas e enchentes, dificultaram o cenário para a agropecuária gaúcha. Ainda assim, a estimativa mostra que o setor está buscando alternativas para manter sua relevância econômica.
🌡️ Prognóstico climático: inverno típico e possibilidade de geadas
O meteorologista da Seapi e coordenador do Simagro-RS, Flávio Varone, destacou que os próximos meses deverão apresentar condições climáticas típicas de inverno, sem influência de El Niño ou La Niña.
Em julho, espera-se temperaturas abaixo da média e chuvas próximas da normalidade. Para agosto, a previsão é de precipitação acima do normal na Metade Sul e temperaturas abaixo da média no RS. Em setembro, o cenário será de chuvas abaixo da média e clima mais seco.
O levantamento técnico, realizado entre 12 de maio e 9 de junho, abrangeu 97% dos municípios produtores e será fundamental para definir políticas públicas e estratégias privadas voltadas à produção de grãos no Estado.