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Carta aberta à Governadora Yeda Crusius

Xangri-Lá, RS, 06 de abril de 2009.

Prezada Governadora:

Sou um brasileiro, servidor público inativo do estado do Rio Grande do Sul onde militei na Polícia Judiciária por mais de 30 anos. Trago algumas fraturas, mas isto não importa, pois são cavacos do ofício de quem se dispõe a recolher o lixo da sociedade. Sempre procurei exercer minha atividade na chamada linha de frente, pois nunca gostei de trabalho burocrático, embora sempre tivesse que fazê-lo. Mas senhora Governadora, o objetivo da presente não é falar sobre mim e sim apresentar um questionamento à senhora. Tem sido dito por seu governo e tenho visto igualmente muitas placas na RS-389, também conhecida como Estrada do Mar, em que consta que seu governo alcançou o chamado déficit zero.

Confesso que a área econômica e contábil não é o meu forte, mas como tenho alguns momentos de lucidez e me ponho a pensar, tenho aqui algo a lhe dizer. Neste mês, em meu contracheque, apareceu o seguinte lançamento na área destinada aos descontos compulsórios “Ipergs – Previdência RPPS/RS 207,62”. Como se pode perceber contribuo para a previdência e que deveria ser recolhida essa importância ao Fundo de Previdência.

E aqui fico num beco sem saída, pois referido fundo nunca foi criado e não atribuo tal responsabilidade somente à senhora senão a todos os seus antecessores, independentemente de partidos ou sexo, todos, pois sem exceção, souberam deste problema e nada fizeram, senão empurrar com a barriga. E isto envergonha não só a mim como toda a cidadania deste estado que foi e parece-me, s.m j., continua sendo ludibriada de forma insofismável. Inexistindo referido fundo, como ocorre dentro do BB que tem o Previ e a Petrobrás que tem o Petros, nossa contribuição toma um destino ignorado, pois é dinheiro que deixa de entrar no meu bolso, apenas lançado para efeito contábil e sobre o qual me é retido o IR na fonte.

Sei, e poucos sabem que o pagamento da folha de inativos que não é pequena é bancado pelas receitas correntes do Tesouro do Estado. Como disse anteriormente não sou versado em ciências contáveis e econômicas, mas tenho condições de pensar que a folha dos inativos onera e muito o Tesouro do Estado. Por outro lado, considerando que faz quase meio século que contribuo para a previdência (aposentadoria) assim como desconto para a saúde que me é prestada pelo IPE, cujo serviço ainda é bom, mas penso que irá se tornar ruim na medida em que são levados ao mesmo servidores de prefeituras, cujas contribuições, pelos baixos salários dos mesmos têm pouca expressão, mas por ouro lado estes, via de regra, tem extensa prole e com isto mais oneram do que contribuem ao IPE.

Penso ainda que num futuro não muito distante devido a isto, os serviços do IPE irão ter acentuada queda de qualidade. Quero deixar claro à senhora e aos demais leitores que não estou querendo patrolar os que ganham menos, mas estou apenas fazendo um raciocínio frio sobre o nosso futuro.

Por derradeiro senhora Governadora desejo sua manifestação acerca do que aqui exponho o que deve ser o anseio de alguns milhares de outros servidores do estado que, ou não tiveram a idéia de questioná-la, ou pensaram que a senhora não teria a gentileza de responder a esta carta.

Cordial e respeitosamente.

Jorge Pinto Loeffler

Comissário de Polícia inativo

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