Carta ao futuro digníssimo Prefeito Municipal de Santo Antônio da Patrulha
Carta ao futuro digníssimo Prefeito Municipal de Santo Antônio da Patrulha – RS (Seq. Prod. XXIV).
Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal de Santo Antônio da Patrulha, eleito no dia 5 de outubro de 2008:
Antes de tudo, quero parabenizá-lo pela sua vitória. Sei de seus anseios ao assumir tão importante cargo em nosso município, mesmo que já tenha tido esta mesma oportunidade. Mas agora o cenário é outro, novo desafio e oportunidade.
Mas também gostaria de deixá-lo a par dos anseios de nossa comunidade.
Vossa Excelência deve saber que nossa comunidade está totalmente desiludida por anos de desmandos políticos e cabos-de-guerra exercidos por forças de ambos os lados, inclusive por seus atuais correligionários que já estiveram do outro lado, e agora, por conveniência, o servem. Não posso aceitar, pessoas que não possuem a menor competência estando à frente da administração de determinadas funções em nosso município, as quais além de não saberem o que fazer, muitas vezes nem tentam.
Solicito que na escolha de quem estará na administração de determinadas funções em nosso município, coloque a mão em sua consciência, e realmente escolha as que têm as melhores qualificações. Posso garantir-lhe que parentesco ou filiação partidária não são a melhor maneira de selecioná-los. Deixo clara minha posição de que existe uma gama infindável de pessoas que desejam uma Santo Antônio em outro rumo. E isso não nos é permitido.
Ao contrário, o cidadão patrulhense que tem opinião formada e a expressa, é perseguido e boicotado pelos detentores do poder que não comungam com as mesmas idéias, situação muito prejudicial à nossa sociedade. Quantos artistas e intelectuais patrulhenses, expoentes até mesmo no cenário estadual não têm o reconhecimento merecido em Santo Antônio! Cobro isso, pois, como Vossa Excelência deve saber, já tivemos uma Garota Verão no ano de 2006 e, anteriormente tivemos uma 1ª Prenda do Rio Grande do Sul (Vossa Excelência saberia dizer quem foi ela?).
Também fomos premiados com o 1ª lugar no Festival Nacional de Teatro Amador, e possuímos uma grande equipe de Vôlei, que disputou o estadual da categoria. Bons tempos em que Santo Antônio dispunha de projetos para desenvolver a Cultura, e uma diversidade de Esportes. Depois, porém, inúmeras vezes, houve verbas para execução de projetos, mas elas sucumbiam por falta de atitude e agilidade dos poderes executivo e legislativo municipais. A questão aqui é que tais poderes têm a obrigação e o dever de promover e incentivar o cidadão patrulhense.
Excelentíssimo Senhor Prefeito, nossas ruas têm buracos, sim, sabemos; sei da dificuldade de recursos para solucionar isso. Nossa cidade é pobre. Existem cidadãos que estão excluídos, e não será somente colocando computadores para inclusão digital que Vossa Excelência se aproximará deles. Vossa excelência precisa ir aonde eles estão e sentir suas reais necessidades; e a partir daí, buscar soluções, já que foi eleito também por eles. Não é, também, dando migalhas a eles que irão progredir em suas vidas. Precisa haver muita atitude sua, Senhor Prefeito.
O interior de nosso município é fabuloso, tem de ser dada muita atenção a estas comunidades que estão realmente abandonadas, porque possivelmente, se mais não for feito, estaremos desmembrando novos municípios. Quem sabe Palmeira, Miraguaia, Evaristo ou Tapumes não estejam preparando isto, por falta de atenção dos Prefeitos anteriores?
Não se esqueça do Caraá! Vossa Excelência tem ido lá para ver como está ? Se nada for feito o município continuará perdendo habitantes e terras, até restar apenas cidade alta e baixa, porque esquecem do interior.
Gostaria de lembrar a Vossa Excelência dos Jovens Patrulhenses, que há muito ficam à mercê das drogas, violência no trânsito, etc, por falta de políticas públicas destinadas a isto. Aí, recriminam os jovens que ficam em frente à cooperativa aos fins de semana vendo os carros de turistas simplesmente passarem por nossa cidade. Vossa Excelência perguntou a eles se têm outra opção além de ali permanecerem?
Nossa cidade necessita urgentemente de uma empresa que possibilite ao trabalhador patrulhense um ganho superior ao do salário mínimo ou pouco mais que ele. Afinal, seria ele interessante apenas por constituir mão-de-obra barata? Talvez Vossa Excelência não tenha percebido, mas inúmeras empresas patrulhenses desapareceram do cenário produtivo de nossa comunidade por falta de incentivo do governo municipal, enquanto estrangeiros não residentes em nossa comunidade recebem inúmeras vantagens e regalias para aqui virem se instalar. Sinto que minha cidade já se prostitui há muito tempo.Precisam ser mais valorizados os filhos desta terra: da Rapadura, da cachaça e dos sonhos…
Lembro de um antigo slogan de nossa cidade: “Um sonho entre o porto e o mar”, por quanto tempo mais ficaremos só no sonho?
Peço, singelamente, que, em sua administração, tenhamos “uma nova cidade“ “coligada com nossa comunidade”.
Desejo sucesso em sua caminhada, e que realize os nossos sonhos — muitos dos quais tão simples e de custo irrisório, carecendo apenas de vontade política.
Um grande abraço!
Atenciosamente,
Julio Peixoto.
P.S.: Embora não tenha votado em Vossa Excelência, gostaria de também ser ouvido e atendido, pois o Prefeito, independentemente do partido político, tem de zelar por todo cidadão patrulhense, e não medir esforços para encontrar soluções e tomar as providências necessárias para resolver qualquer tipo de problema; buscando sempre o desenvolvimento e o bem-estar do nosso povo.
E-mails recebidos sobre as seguintes colunas:
Contracultura patrulhense (seq. Prod. VII)
• 12/04/08 por R. (E-MAIL)
Boa Tarde…
Primeiramente gostaria de parabenizar-te pela ótimas colunas que vens escrevendo e pela coragem que tens em falar, principalmente em uma cidade como a nossa que tudo é feito em troca de favor, e tu apesar de ter tua empresa não se calou…
Mas o que me faz escrever para ti é que gostei muito do que tu falaste sobra à cultura na última coluna que saiu no Correio de Santo Antônio, principalmente quando falaste na dança pois sou integrante da invernada adulta do C.T.G. (xxxx) e como tu disse só se lembram de cultura em nossa cidade em agosto, pois é justo nessa época que lembra que existem invernadas e convidam elas para participarem da programação da festa da cachaça e obviamente lembra dos C.T.G´s em setembro quanto sempre aparecem um monte candidatos a darem seus discursos em nossos galpões e depois esquecem das invernadas que estão ativas o ano todo.
Minha indignação aumenta quando chego aos rodeios em outros municípios e vejo que as invernadas de outra cidades que lá estão chegam com os ônibus cedidos pela prefeitura enquanto a gente tem que pagar por nosso transporte…
Sempre se esquecem que um C.T.G é uma das maiores fonte de cultura de nossa cidade, gostaria de ver algo na sua coluna sobre isso.
Abraço!
•09/05/08 por F. L. M. S. – (SITE LITORALMANIA)
Caro Júlio: Como deves saber sou “rapadureiro”, e um pouco mais velho que você, portanto, ao contrário do conceito um tanto “romântico” que estas professoras te passaram sobre os “coronéis”, acredito que estas figuras anacrônicas são os grandes responsáveis pelo atraso político, social e econômico de SAP, que é uma das quatro cidades mais antigas do Estado, e viu o progresso “passar a cavalo” várias vezes, por conta da decisão de alguns “coronéis”, que preferiam tocar suas fazendas com seus “peões” pobres e analfabetos, a terem que “perdê-los” paras as fábricas. Hoje, com 200 anos de atraso, parece que SAP está querendo acordar! Um abraço!
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Jornal Correio de Santo Antônio
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