Certezas, dúvidas e indignação – Por Jayme José de Oliveira
O final do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff deixa uma pletora de estilhaços resultantes da implosão fragmentária da malha, já esgarçada, do convívio há muito tempo fragilizado.
Algumas dúvidas, preexistentes, serão ampliadas em número e amplitude. A lei rege com isonomia situações similares ou, como George Orwell previu na sua obra “A revolução dos bichos” os “mais iguais” esgueirar-se-ão impunes ou, no máximo, com as asas chamuscadas? Vale para o presente e, muito mais preocupante, para situações que ainda aguardam desfecho. Eduardo Cunha poderá embarcar na carona?
A lei da ficha suja inibitória para candidatos continuará a viger ou, como o STF por 6 votos a 5 decidiu serão delegados indiscriminadamente poderes a vereadores, deputados e senadores e, por conseguinte os executivos que tiverem maioria também serão “mais iguais”?
Podem regimentos de casas legislativas se sobreporem à Constituição Federal como ocorreu? O renomado jurista Ives Gandra Martins discorda da dicotomia realizada: “Meu amigo Ricardo Lewandowski foi infeliz em procurar interpretar o texto constitucional por regimento e não regimentos pela Constituição Federal”.
Duvidas… dúvidas… dúvidas… Lewandowski e Gandra Martins são juristas respeitados e, se discordam frontalmente em assunto de tal relevância, o que resta para embasar a convicção de leigos?
Poucas certezas, sendo o esgarçamento das relações o mais proeminente. Definitivamente a sociedade se fragmentou como um vaso de cristal espatifado. Os cacos dificilmente serão realinhados e, se o forem, os sinais das gretas permanecerão eternos. Mesmo no convívio familiar o ambiente que já era muitas vezes tenso, assuntos pertinentes aos fatos passarão ser abordados com extremo cuidado para não provocar maiores abalos e, quando o forem, o consenso não será fácil.
Muitas indignações foram anexadas às preexistentes e o volume ameaça soterrar o que resta de credibilidade nas instituições que deveriam ser a âncora que fixa e estabiliza a sociedade. Deveriam…
Partidos fazem plenamente jus ao nome: PARTIDOS. Deveriam ser monolíticos. A diversidade deveria ocorrer pela pluralidade de programas e não oscilar de acordo com as conveniências momentâneas. E não me refiro a nenhum partido em particular. A todos, indistintamente.
Oxalá às certezas não se alinhe a que se vislumbra na fímbria do horizonte, a derrocada da economia, a desesperança, irmã siamesa do descrédito nos responsáveis pelo destino da nação.
E NÃO ADIANTA TROCAR SEIS POR MEIA DÚZIA.
Jayme José de Oliveira – Capão da Canoa – RS – Brasil
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