Charles Darwin 2 – Jayme José de Oliveira
PONTO E CONTRAPONTO – por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
CHARLES DARWIN 2
Quando nos reportamos a fatos históricos, como A Origem das Espécies, faz-se necessário dar atenção aos ditames vigentes na época.
A Santa Inquisição que regia os costumes e a Justiça em vigor entre os séculos XIII e XIX d.C. impunha obediência incondicional, inclusive usando a força e a intimidação mais cruel: morte na fogueira aos que caiam em desgraça.
Giordano Bruno, teólogo, foi queimado vivo em 17 de fevereiro de 1600 por defender o conceito de que a VERDADE deve prevalecer sobre as VONTADES e CRENÇAS.
Nicolau Copérnico e Galileu Galilei foram julgados e condenados por defenderem a teoria do Heliocentrismo em contraposição ao Geocentrismo defendido pela Igreja Católica e criada por Ptolomeu, cientista grego que viveu na Alexandria no início do século II a.C.
Ipso facto vanguardeiros viam-se confrontando riscos mortais ao defenderem teorias que desafiavam o status quo.
Charles Darwin apareceu com o que poderia ser considerada a maior heresia, confrontava a Bíblia no tocante à origem e propagação da vida, do homem e de todos os seres vivos. A Teoria da Evolução desafiava o Criacionismo baseado no Gênesis, até então indiscutível, e, portanto, tinha de ser combatida de todas as formas.
O Criacionismo tomado ao pé da letra afirma que TODOS OS SERES VIVOS FORAM CRIADOS POR DEUS com a forma definitiva. Isso não admite a EVOLUÇÃO natural e gradual para se adaptar às mudanças do meio ambiente. Aliás, as mudanças que ocorrerem devem o ser pela interveniência direta do Criador.
Apesar de todos os protestos a teoria do darwinismo se impôs no meio científico. As provas apresentadas eram tão consistentes que não podiam ser contestadas: variação, seleção, estabilização da seleção e admitia também o acaso como fator coadjuvante.
A teoria da evolução da vida no mundo, na qual Darwin trabalhou durante 20 anos, tornou-se um best-seller da noite para o dia; os primeiros 1.250 exemplares impressos se esgotaram em menos de 24 horas.
Darwin resumidamente afirmava que as espécies são criadas e exterminadas a partir do “princípio da tentativa e erro”; seres vivos superiores desenvolvem-se dessa maneira, a partir de formas mais simples. A evolução, que tem por base este princípio, foi também considerada válida para os seres humanos.
“Considerando as afinidades mútuas, sua distribuição geográfica, a sucessão de fatores geológicos e outros semelhantes, tudo leva-nos a crer que as espécies não foram criadas independentemente, mas descendem de outras espécies que foram se aperfeiçoando paulatinamente. As que não conseguiram se adaptar extinguiram-se com a mesma naturalidade que outras prosperaram”.
Essas regras produzem modificações diminutas e podem exigir milhares de gerações para se concretizarem.
Num determinado momento ocorreu um salto de qualidade quando o homo sapiens libertou-se do jugo absoluto dos instintos e passou a reger pelo raciocínio. Continua a obedecer as leis da Natureza, porém não mais se restringe a elas. Possui o livre arbítrio que lhe permite, inclusive, modificar o meio ambiente, para o bem ou para o mal. Atualmente estamos à beira de uma catástrofe porque insistimos em adaptar o mundo aos nossos desígnios, sem medir as consequências. O aquecimento global que provocamos irresponsavelmente exacerba aquilo que a natureza faz desde o início do surgimento da Terra. Pode transformar o Paraíso que pretendemos no Báratro que acabará nos destruindo.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado