Chuvas de Agosto
A cada dia, no qual mais e mais chovia, a gente apreciava o rio levando no seu leito, calmamente boiando, camas, armários, carroças, cadeiras e bancos, como que entregues a correnteza. Um dia nós vimos uma casa sendo levada, de cuja estrutura, aparecia, somente, a cumeeira com telhas de lata brilhando ao sol como um barco fantasma. Sobre o telhado, com muita tranquilidade um porco branco e gordo navegava, tranquilo como comandante desta estranha embarcação. Um dia , um moradora da vila Progresso, desesperada puxava os cabelos e gritava para que a ajudassem a enxergar o seu marido que tinha caído no leito do rio e com certeza, passaria ali, nadando e lutando para salvar a vida.
Anoiteceu e ninguém viu o homem passar. Ao fim da tarde, nas desertas margens do meu rio, o silencio da noite que se aproximada era interrompido pelos lamentos da mulher que solitária continuava olhando o rio… Assim estas chuvas tem o poder de me trazer a mente esta lembranças e como se fosse o guri, de tantos anos atrás, fico imaginando quantas coisas os rios, carregam, quando transbordam e, por incrível que pareça as coisas e as pessoas que os rios levam nunca voltam e quando voltam são diferentes de quando partiram. Ano que vem tem mais chuvaradas e tem mais rio transbordando e tem mais coisas e gente sendo levadas como passageiros contrariados presos às algemas das correntezas…