Ciborgue – Por Jayme José de Oliveira

Jayme José de OliveiraNo filme “Robocop”, cientistas reconstroem um policial como um ciborgue  meio humano e meio biônico, depois que ferimentos o deixam à morte. Isso poderia acontecer?

Ainda não produzimos super-homens, mas o conceito de reconstruir corpos muito lesionados para que fiquem melhores do que eram saiu da ficção científica para a ciência. Os médicos hoje substituem membros perdidos por próteses robóticas, órgãos paralisados por outros funcionais, desenvolvem parte da audição aos surdos e visão aos cegos.

Talvez médicos de amanhã consigam acabar com a cegueira e fazer da paralisia coisa do passado. E se um órgão se desgastar? Sem problemas. Eles cultivarão outro para você no laboratório.

Eis alguns avanços espantosos que já melhoraram muitas vidas – e outros que poderão surgir num futuro não muito distante.

• O primeiro transplante bem sucedido foi de córnea, em 1.905 – 120.000 por ano.
• Transplante de rim, em 1.954 – 69.400 por ano.
• Prótese de quadril, em 1.962 – 1,4 milhão por ano.
• Transplante de pulmão, em 1.963 – 3.400 por ano.
• Implante dentário de titânio, em 1.965 – hoje comum.
• Transplante de fígado, em 1.967 – 25.000 por ano.
• Transplante de coração, em 1.967 – 5.400 por ano.
• Transplante de pâncreas, em 1.968 – 2.500 por ano.
• Prótese de joelho, em 1.968 – 1,1 milhão por ano.
• Implante coclear (ouvido biônico), em 1.972 – 219.000 até hoje.
• Prótese de perna a partir da década de 1.990 – Atletas inclusive disputam paraolimpíadas com performances próximas de atletas sem deficiência.
• Transplante de intestino delgado, em 1.992 – 250 por ano.
• Transplante de mão/braço, em 2.000 – 85 até hoje.
• Primeira mão robótica, em 2.007 – cerca de 500 por ano.
• Transplante de face (total ou parcial), em 2.013 – 25 até hoje.

O professor de engenharia biomédica da Universidade do Sul da Califórnia, Dr. Mark Humayun dedica boa parte de sua carreira para desenvolver uma retina artificial, o chamado olho biônico. Uma pequena câmera montada em óculos capta uma cena e a transmite sem fio para um dispositivo implantado cirurgicamente na retina. As imagens resultantes lembram um vídeo de baixa resolução, um aperfeiçoamento do software permite distinguir até nove cores. Por enquanto apenas pode ser utilizado em casos específicos, porém é possível que um dia seja possível ligar um aparelho desses diretamente à região do cérebro que processa a visão.

Não há doadores suficientes para salvar a vida das 28.000 pessoas em lista de espera, só no Brasil. Uma recente técnica de bioengenharia pode criar novas partes do corpo com a tecnologia de impressão 3D feitas com células cultivadas do próprio paciente. Médicos já transplantaram enxertos ósseos obtidos por esta técnica.
Num estudo foram extraídos numa cirurgia de ponte de safena, células-tronco saudáveis do coração, cultivadas e reinseridas e lá se multiplicaram. Na maioria dos pacientes o músculo cardíaco lesionado sarou. Essas infusões de células podem se tornar uma alternativa aos transplantes.

A bioeletrônica e a bioengenharia ainda estão na infância, mas com o tempo a medicina aliada à tecnologia ficará cada vez mais parecida com a ficção científica.
“A robótica é a melhor maneira de estudar a inteligência. Quando se programa um robô, desenvolve-se um respeito enorme pela inteligência natural”. (Sebastian Thrun)

Fonte: Seleções Reader’s Digest, outubro 2.014.

CIBORGUE

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