Cidadania Espiritual
O ser hominal, expressão muito utilizada no Espiritismo, designa o ser inteligente na Terra que já se encontra no âmbito das apropriações evolutivas que lhe granjeiam o livre arbítrio.
Este estágio é o resultado de muitas conquistas que o indivíduo teve ao longo de suas existências materiais, ora encaminhando-se para rumos muito mais luminosos.
Obviamente que nossas conquistas, ainda que individuais, advém da interação com todas as forças que compõe o Universo. Muitos, ou poderíamos dizer todos concorrem para que todos dinamizem suas potencialidades criadas por Deus, alavancando-se uns aos outros para que nada permaneça na inanição.
Padece aquele ser que, dotando já de rudimentar inteligência, resiste aos caminhos da Lei, ainda que os rogos da existência lho mostrem qual a vereda correta
Nas exposições doutrinárias ou estudos da Doutrina Espírita utiliza-se com muita frequência a analogia de alguns contextos entre mundo material na Terra e o mundo espiritual.
O que acontece aqui, dizemos, é o que também acontece lá, já que o aqui é consequência de “lá”.
Pois analisemos uma expressão muito utilizada na sociedade humana: Cidadania.
No dicionário português, Cidadão significa indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um estado. A origem da palavra cidadania vem do latim “civitas”, que quer dizer cidade. A palavra cidadania foi usada na Roma antiga para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer
O conceito de cidadania tem origem na Grécia clássica, sendo usado então para designar os direitos relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que vivia na cidade e ali participava ativamente dos negócios e das decisões políticas. Cidadania pressupunha, portanto, todas as implicações decorrentes de uma vida em sociedade (1).
Ainda hoje muitos têm esse conceito de cidadania: a garantia dos direitos civis e políticos na sociedade.
Trazendo para o plano espiritual, na ótica da Doutrina dos Espíritos (e de várias outras Doutrinas ou Filosofias), tem-se que isso é um fato. O ser conta, desde a sua criação, com os direitos dados por Deus, pois o Amor é o representativo disso.
Todos os seres nascem sob igual condição, dispondo de iguais oportunidades para a sua manifestação e realização.
Porém, a sociedade humana evoluiu seu conceito de cidadania.
Ao longo da história, o conceito de cidadania foi ampliado, passando a englobar um conjunto de valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um cidadão “Cidadania: direito de ter direito.” (1)
A vida de um cidadão não é feita somente de direitos, mas também de deveres.
Aliás, para um postulante da Doutrina Espírita, é muito melhor pensarmos que temos mais deveres do que direitos na “Constituição Universal”.
Na medida em que nossas conquistas originam-se de nossas ações, temos primeiramente o dever para conosco mesmo de buscar nosso melhor caminho. Esses deveres, por consequência da relação íntima que temos com o Universo, estendem-se a tudo que nele existe.
A senda que seguiremos é feita por nós mesmos.
O usufruto dos direitos será fato natural advindo de nossos bons atos (os deveres).
Portanto, perante a lei terrena, as vicissitudes dos deveres e as benesses dos direitos são muito semelhantes à Lei (de Deus).
Na Terra, quando ainda criança, não temos a noção dos deveres e direitos, e somos guiados por quem deles tem conhecimento.
No âmbito espiritual (que se estende ao material), o mecanismo é o mesmo. Quando na infância espiritual, quando ainda somos escravos dos instintos, a Lei é mais branda para aqueles que ainda não a conhecem e somos auxiliados por quem mais evoluído é.
Como na Terra, quando a criança deve crescer e responsabilizar-se por si, no plano espiritual o indivíduo seguirá o mesmo caminho.
A aplicação da Lei será proporcional à evolução do ser.
“Muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado e maiores contas serão tomadas àquele a quem mais coisas se haja confiado. ( ES Lucas, cap. XII, vv 47 e 48).
Com esta passagem do Evangelho segundo Lucas, quis ele dizer que quanto mais o indivíduo conhece a Lei Divina, maior será a consequência reativa da Lei para quem a infringir. E o verdugo da pena será sua própria consciência.
O caminho para o conhecimento da Lei Divina é penoso para todos, sem exceção, quando ainda se estagia na imperfeição hominal.
“Sofre para te engrandeceres, para te depurares. Fica sabendo que teu destino é grande. Esta terra fria não é teu sepulcro. Os mundos que brilham no âmbito dos céus são tuas moradas futuras, a herança que Deus te reserva. Tu és para sempre cidadão do Universo; pertences aos séculos passados como aos futuros, e, na hora atual, preparas a tua elevação. Suporta, pois, com calma, os males por ti mesmo escolhidos. Semeia na dor e nas lágrimas o grão que reverdecerá em tuas próximas vidas. Semeia também para os outros assim como semearam para ti!” (2)
Aqui na Terra, como nos céus a luta é a mesma pela cidadania, porém, devemos envidar esforços para conquistar a mais importante das cidadanias: a Cidadania Espiritual.
Bibliografia
(1) Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidadania)
(2) Depois da Morte – Léon Denis – Cap XIII