Click no saiba despertar – José Alberto Silva
Sói acontecer de nos enchermos de admiração ao conhecer trajetórias de artistas gloriosos, alguns injustiçados, outros desvalorizados nos quatro cantos do país e do mundo. Lamentamos não haver privado com pessoas que agregariam em nós qualidades que só teríamos se tivéssemos alguma relação com tais luminares das ciências, letras e artes em geral.
Tenho me espantado ao descobrir amigos de boa ilustração, com acesso fácil à informação e à culura, ignorarem da obra de alguém que passeia em nosso Bairro, feiras livres, praças, bares e jardins de nossas cidades.
Esbanjam e distribuem simpatias, por vezes, disfarçam dores e maquinações de suas almas e paralelamente em horas vagas, pintam, bordam, pesquisam, escrevem artigos científicos, contos e poemas. Tenho prevenido amigos e conhecidos que hora dessas se sentirão equivocados, senão envergonhados, apesar de frequentarem meios culturais esclarecidos, se nao descobrirem a obra contemporânea de um parente, uma vizinha, por quem cruzamos batendo o chinelinho da humildade enquanto manuseiam artesanatos, brincam com crianças, compram frutas no Mercado.
Mal sabemos que enquanto esses solitários disfarçam luminosidade, não reconhecida em si próprios, seus corações, mentes e estômagos viajam em mundos que são nossos, mas que descohecemos.
O que fazem de maneira furtiva mesmo que sofram é cliclarem em acessos que evitamos por medo ou deformação de alma já que não somos seus iguais. Quando me pedem um exemplo disso, a todos tenho dito sem medo de errar: não vai essa negra, dia desses, ganhar um Prêmio Nobel e tu teres de dizer que não tens em casa nenhum dos cinco livros de contos e poesias da Isabete Fagundes de Almeida.
José Alberto Silva