Clube reúne apreciadores de cerveja no RS
Um grupo de apreciadores de Porto Alegre transformou o ato de beber cerveja num ritual rebuscado e cheio de mistérios.
A zero grau dentro dos tanques, a cerveja se torna mais límpida, mais saborosa e começa a amadurecer. Mas, na hora da degustação, o ideal é que o líquido não esteja tão gelado. “A gente consegue sentir os sabores, o sabor do malte, do lúpulo e até do fermento. Se ela for muito gelada, não conseguimos sentir esses sabores”, explica o empresário Herbert Schumacher.
A norma da bebida artesanal é manter o sabor sem conservantes e outros produtos químicos. Para manter as qualidades da bebida, algumas microcervejarias até escolhem para quem vão vender. “A nossa cerveja é entregue em uma temperatura baixa e tem que ir diretamente para a geladeira”, diz o empresário.
Em alguns bares e restaurantes, ela é quase um objeto de culto. A equipe do “Jornal da Globo” conheceu uma espécie de clube secreto da cerveja. Para entrar, é necessário ter a indicação de outro freqüentador. Mas isso não reduz o público. O armário onde os clientes deixam os copos é um exemplo: já são mais de 500.
O cliente conhecido entra e a porta é trancada. Ele escolhe a cerveja e pronto. Deu fome? Lá vai o cliente se servir sozinho. “Tudo é um grande pretexto para a gente se reunir com os amigos em um ambiente como se fosse a sua própria casa”, conta o designer gráfico Ricardo de Oliveira.
Há 120 rótulos nacionais e importados para escolher, mas tem quem faz a própria cerveja. “Eu acho lindo porque a gente chega, conversa e compartilha”, diz a publicitária Desirée Marantes.
Na hora de ir embora, não há comanda. Cada um diz o que consumiu e paga. É o sabor da boa e velha confiança no gigantesco negócio de cerveja.