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Colunista do Portal Litoralmania lança novo livro

O escritor e pesquisador osoriense Rodrigo Trespach, colunista do Portal Litoralmania, lançou no mês de abril seu segundo livro: Borger, Justin, Schmitt e outras famílias de origem germânica.

Como no primeiro livro, Passageiros no Kranich (Porto Alegre, Alcance, 2007), Rodrigo aborda a imigração alemã para o Rio Grande do Sul, especialmente para o Litoral Norte do estado.

 Há subsídios genealógicos dos ancestrais dos imigrantes Balz, Borger, Dexheimer, Heineck, Justin, Krämer, Schmitt, Schneider, Schumacher, Sohns, Wetter, Wilhelm e Zimmermann. O trabalho foi realizado através de pesquisas em arquivos na Alemanha e no RGS, em contato com pesquisadores e historiadores na área.

Além da apresentação e dados da genealogia tradicional das famílias alemãs neste novo livro o autor inseriu um capítulo especial onde descreve a utilização das análises de DNA na pesquisa histórica.

Para Gilson Justino da Rosa, autor de um dos mais importantes livros sobre imigração alemã no RGS, Imigrantes alemães 1824-1853, “hoje muitas famílias têm interesse em conhecer suas raízes, mas não têm tempo e falta-lhe o conhecimento do genealogista, do pesquisador, que conhece o caminho e a forma de encontrar estas informações. Sem dúvida alguma, o livro do Rodrigo despertará o interesse não só nos descendentes destas famílias, mas de todos nós que nos interessamos em conhecer seu próprio passado”.

Veja abaixo um bate-papo com o escritor.

Como surgiu a ideia do livro?

Tenho muitos dados sobre as famílias alemãs no Litoral Norte e muito se tem produzido sem o conhecimento dessas informações. Em 2008 Marcos Witt publicou sua tese de doutorado na PUC onde trabalhou algumas relações de parentesco entre famílias exponenciais no litoral, uma delas os Schmitt. Havia uma série de dúvidas quanto aos dados apresentados pelo agora doutor, não por culpa dele, mas pela precariedade das fontes quanto aos imigrantes no litoral. E os dados que faltavam estavam no meu computador. Eu precisava publicar esses dados, em casa eles em nada auxiliavam os demais historiadores.

O nome do livro não lhe parece grande, o público não terá dificuldade em gravar?

O nome do livro não era para ser esse. Quando comecei a separar as famílias que seriam inseridas nesse primeiro momento notei que todas haviam chegado ao RGS no costeiro Carolina. Pensei de imediato em “Passageiros no Carolina”. Mas quando comecei a editar achei melhor trocar, dois livros com nomes de navios parecia pouco criativo.

De que famílias, além dos Schmitt, o livro têm dados inéditos no Brasil?

Na verdade todos os dados das 13 famílias são dados inéditos. Mas algumas, é claro, são especiais. Borger, que hoje se escreve “Borges” no Litoral, é uma delas. Os Schneider eram outra incógnita para os pesquisadores. Sobre os Wilhelm havia muitos desencontros nas informações. Todas têm suas particularidades.

O que foi mais difícil?

Por incrível que pareça pesquisar no próprio Litoral. Boa parte dos registros sobre os católicos tem corruptelas nos sobrenomes, assim Borger virou “Borges”, Schlitzer virou “Selistrio”, Mayer virou “Maia”, Kreuzburg virou “Krás Borges” entre outros. Os padres não falavam alemão e escreviam aquilo que achavam ter ouvido, além de uma parte dos registros, na fase inicial da imigração, ter sido perdida. Os evangélicos tiveram pior sorte, boa parte dos registros foi destruída em 1942, por ocasião da Segunda Guerra (1939-1945). Nessa época os pastores ainda falavam e escreviam em alemão, quando o Brasil declarou guerra à Alemanha o subdelegado local destruiu tudo o que pode daquilo que estava em alemão.

Mas e os dados da Alemanha?

Sim, também foi difícil, mas lá os dados escasseiam por causa de outra guerra, a dos Trinta Anos (1618-1648), bem mais atrás no tempo. Então boa parte dos registros do século XIX, período da imigração no Litoral, estão bem conservados. Com algumas pistas consegue-se levantar uma quantidade de material considerável.

E o capítulo de DNA?

Eu realizei exames de DNA, em 2009. Mas não pense que foi para descobrir se era mesmo filho do meu pai. Uma associação de pesquisa familiar nos Estados Unidos que eu conheço desde 2005 financiou os exames na tentativa de encontramos um ancestral comum. Na verdade é nisso mesmo que se baseia o projeto: identificar as migrações humanas através de ancestrais comuns. É um assunto novo e fascinante. Quem já leu o livro disse que é a melhor parte, apesar de ser só um ensaio sobre o assunto.

E para o futuro, o que vem por aí?
Até outubro, o mês da Reforma, pretendo publicar Luteranos em Osório, em parceria com o Denílson Trespach. Contar um pouco da história da comunidade luterana em Osório. Todo mundo pensa que Osório é uma cidade católica e açoriana, esquecem outras etnias e outros credos…Também estou trabalhando em um livro sobre a memória desde 2008, talvez fique pronto no próximo ano. Acredito que em agosto deste ano de 2010 também devo ter novidades, vamos ver.

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