Como é Triste a Velhice – Sergio Agra
Com o pensamento em Charles Aznavour,
in Que C’est Triste Venise
Como é triste a velhice
De quem chega aos setenta
E não lembra que disse
Palavras de amor ao vento.
Mesmo em meio à tormenta.
Isso já não importa,
Se a vontade é gritar
Pelo que não se tem mais.
Como é triste a velhice
Nesses tempos mortais
Quando a alma transporta
O pranto de Maria e de Alice
À infinitude do mar,
No silêncio da solidão
Dessas noites sem fim.
Quando se cerra o coração
À promessa vazia
Que infesta Brasília
E soterra a esperança
Dese crer outra vez
Como é triste a velhice
Nos tempos de pandemia
Como é triste a sandice
De “Quem” só é fantasia.
Os quartéis, os tribunais
Abrem em vão suas portas,
Inútil querer
Ante tenaz tirania.
Como é triste a empáfia
De quem “navega” no Lago
Brasileiros aos milhares
Partem sem o afago
Dos amores que ficam.
E que amarga ironia,
Sob a luz do luar,
Sepultaram-se vidas
Que não puderam gritar
Adeus, meus amores,
Adeus às minhas dores,
Eis meu último suspiro.
Como quer o Messias.
Nem estás triste, Brasil,
Nestes tempos de morte.
Qual será nossa sorte
De quem não amas mais?…