Como proceder ao encontrar um animal destes vivo na orla? Veja dicas do CECLIMAR
O litoral do Rio Grande do Sul recebe inúmeros visitantes sazonais. Com a chegada do inverno, e a maior influência da Corrente das Malvinas, chegam a nossa costa águas mais frias e, com elas, uma grande riqueza de animais. Os pinípedes são um dos grupos de animais que frequentam a nossa costa durante esta época do ano. Eles são mamíferos marinhos que alternam suas vidas entre o ambiente aquático e o terrestre. O termo pinípedes significa “pés em forma de pena” (pinna= pena; podos= pés).
Os pinípedes dividem-se em três famílias: Otariidae (lobos e leões-marinhos), Odobenidae (morsas), e Phocidae (focas e elefantes-marinhos). Na costa brasileira há registros de ocorrência para sete espécies: (1) o leão-marinho-do-sul (Otaria flavescens), (2) o lobo-marinho-do-sul (Arctocephalus australis), (3) o lobo-marinho-antártico (Arctocephalus gazella),(4) o lobo-marinho-subantártico (Arctocephalus tropicalis), (5) a foca-caranguejeira (Lobodon carcinophagus), (6) a foca-leopardo (Hydrurga leptonyx) e (7) o elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina).
OBS.: Recentemente foi sugerida a troca do nome dos lobos-marinhos de Arctocephalus para Arctophoca. Então se você encontrar algum texto nominando as espécies de Arctocephalus como Arctophoca não há problemas, pois se trata do mesmo animal.
Todas as espécies relatadas para o Brasil possuem registros de ocorrência no Rio Grande do Sul. Os animais registrados com maior frequência no nosso litoral são indivíduos adultos de leão-marinho-do-sul e, principalmente, jovens de lobo-marinho-do-sul.
Como proceder ao encontrar um animal destes vivo na orla?
Todos os anos, durante o inverno e a primavera, muitos lobos se dispersam de suas colônias reprodutivas e se deslocam para o norte em busca de alimento e águas mais quentes. Muitos deles chegam exaustos ao litoral gaúcho, podendo vir a óbito nas praias. Outros acabam interagindo com atividades humanas, como a pesca. Nesse sentido é importantíssimo compreender e saber discernir quais animais precisam ser retirados do ambiente natural e quais não precisam. O animal só deve ser retirado da praia se apresentar algum dano possivelmente causado por ação antrópica: lesões externas, interações com redes de pesca ou vestígios de óleo na pelagem. Caso contrário, não devemos interferir no ciclo de vida do animal e no processo de seleção natural.
É importante lembrar que esses animais possuem o hábito de parar na beira da praia para descansar, podendo permanecer fora da água por até 72h. Nesses casos não há necessidade de interferência humana.
Abaixo exemplos de quando devemos interferir e auxiliar esses animais:
SE VOCÊ ENCONTRAR UM ANIMAL DESTES VIVO É IMPORTANTE SEGUIR ALGUMAS RECOMENDAÇÕES:
- Manter distância mínima de cinco metros e evitar aglomerações em volta do animal, pois isto causa grande estresse e pode ser perigoso;
- Jamais tentar recolocar um animal de volta ao mar;
- Nunca alimentá-los;
- Jamais tocar nesses animais, pois eles podem ser agressivos;
- Mantenha uma distância segura, pois esses animais são portadores de zoonoses que podem ser transmitidas para os humanos;
- Nunca tentar retirá-los da praia ou transportá-los sem avaliação de profissionais qualificados (biólogos e veterinários) em fauna marinha;
- Jamais levá-los para sua residência;
- Respeitar a rotina de vida das espécies que utilizam a praia para descanso;
- Avisar as autoridades competentes e, sempre que possível, realizar registro fotográfico para facilitar a avaliação dos biólogos e veterinários quanto a real necessidade de resgate.
CECLIMAR/IB/UFRGS