A Docile, gigante da indústria de guloseimas gaúcha, está prestes a alcançar um marco extraordinário: o primeiro bilhão de reais em faturamento, projetado para 2026.
Localizada em Lajeado, a apenas 120 quilômetros da capital gaúcha, Porto Alegre, esta fábrica é um verdadeiro paraíso açucarado, onde a magia acontece diariamente em esteiras que desfilam pastilhas e jujubas caindo como cascatas de 2 metros de altura.
Imagine corredores com metros de extensão repletos de marshmallows recém-saídos das máquinas, ainda antes de serem cortados. O ar, por si só, carrega o doce e convidativo cheiro de açúcar.
Todos os dias, oito caminhões carregados com 25 toneladas de guloseimas partem da expedição da empresa, levando a marca Docile para milhões de lares.
Por mês, são incríveis 250 milhões de embalagens de jujubas, balas de goma, marshmallows, pastilhas de menta e todo tipo de guloseimas imaginável, prontas para adoçar o dia de brasileiros e consumidores ao redor do globo.
Do Rio Grande do Sul para o Mundo: A Ascensão de uma Gigante Doceira
Com 170 itens nas gôndolas de supermercados só no Brasil e mais de 400 produtos considerando as exportações, a Docile não para de crescer.
Para impulsionar ainda mais essa trajetória rumo ao bilhão, a empresa investiu pesado em marketing, com campanhas estreladas por ícones do esporte nacional, como a skatista Rayssa Leal e a ginasta Rebeca Andrade.
A expansão logística também foi fundamental para esse crescimento vertiginoso. Em apenas um ano, a Docile saltou de 13 para 74 distribuidores, ampliando significativamente seu alcance. Em 2024, um novo centro de distribuição foi inaugurado em Extrema, em uma localização estratégica entre São Paulo e Minas Gerais, otimizando ainda mais a distribuição para o maior mercado consumidor do país.
O mercado internacional é outro motor poderoso para a Docile. Atualmente, impressionantes 35% da receita da empresa já vêm das exportações. Desde 2020, a receita praticamente dobrou, atingindo 684 milhões de reais em 2024, com a meta de alcançar 810 milhões de reais neste ano. Essa notável performance posiciona a Docile como a maior exportadora de doces e guloseimas do Brasil, com 60% do que sai pelos portos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina levando sua marca, e o restante em regime de private label, incluindo a produção de balas com os clássicos personagens Mickey e Minnie, vendidas nos parques da Disney, nos Estados Unidos.
A História que Adoça Gerações e o Olhar para o Futuro
Apesar de a Docile completar 34 anos em 2025, a tradição da família Heineck no setor de doces remonta a 1936.
Naquele ano, Natalício Heineck, avô dos atuais fundadores, iniciou uma produção artesanal que mais tarde daria origem à Florestal Alimentos, uma das principais indústrias de balas e pirulitos do Sul do país.
Seu filho, Nestor, nascido no mesmo ano da Florestal, seguiu os passos do pai.
Em 1991, os três filhos de Nestor — Alexandre, Fernando e Ricardo — fundaram a Gluco Amido, uma distribuidora de xarope de glicose que, sete anos depois, já produzindo refresco em pó, seria renomeada Docile.
Essa rica trajetória posicionou a Docile entre as quatro empresas brasileiras presentes no ranking das 100 maiores do setor, segundo a prestigiada revista americana Candy Industry.
Ao lado de gigantes do chocolate como Cacau Show e CRM (Kopenhagen e Brasil Cacau), a Docile e a Dori Alimentos (recentemente vendida à americana Ferrara por 2 bilhões de reais) representam o Brasil no mundo das balas.
Enfrentando Gigantes e Inovando Constantemente
Enquanto concorrentes como a espanhola Fini e a alemã Haribo, as duas maiores do setor, operam com estruturas globais, a Docile se destaca por sua agilidade no lançamento de produtos. Um exemplo claro é o marshmallow de pistache, que se tornou um fenômeno no Brasil, criado em resposta à febre do ingrediente no país.
A empresa também mantém um olhar atento às tendências globais. Raramente há uma semana sem alguém da Docile viajando para feiras internacionais, retornando com as mãos cheias de amostras e ideias.
Foi assim que surgiu a pulseira de goma, usada por alguns funcionários na fábrica.
A Aposta no Futuro: Investimento Pesado e Visão de Mercado
A confiança da Docile em seu futuro se baseia na tese de que ainda há um vasto mercado de guloseimas a ser conquistado, mesmo com o crescente avanço da chamada saudabilidade.
Apesar de o Brasil ser o quinto maior mercado de guloseimas do mundo, o consumo per capita ainda é modesto, de 2 quilos por ano.
Em comparação, em países como a Suécia, o consumo ultrapassa 16 quilos anuais, segundo dados do Ministério da Agricultura local. Essa diferença representa um enorme potencial de crescimento para a Docile.
A prova concreta dessa aposta é um investimento de 150 milhões de reais recém-anunciado pela empresa. Um terço desse valor será destinado ao marketing, reforçando ainda mais a presença da marca.
O restante, 100 milhões de reais, será aplicado na modernização da fábrica, com a aquisição de máquinas mais velozes e autônomas.
Desafios e Oportunidades no Cenário Global
O desafio da saudabilidade, com quase metade dos brasileiros consumindo alimentos mais saudáveis desde a pandemia e um setor crescendo 12,3% ao ano, também é levado em consideração.
No mundo, o segmento de alimentos saudáveis deve movimentar 859 bilhões de dólares até 2030, de acordo com a consultoria Research and Markets.
Para a Docile, há espaço para os dois mundos: o dos produtos sem açúcar e o das pequenas indulgências que trazem alegria.
Como uma fábrica gaúcha de doces conquistou o mundo! A Trajetória.
1936: Início da história da família Heineck no setor de doces com Natalício Heineck.
1991: Os irmãos Ricardo, Fernando e Alexandre Heineck, filhos de Nestor, abrem a Gluco Amido, distribuidora de matérias-primas.
1994: A Gluco Amido inicia a produção de seu primeiro produto, um refresco em pó, utilizando uma betoneira adaptada.
1998: Inauguração do parque industrial de Lajeado e a empresa passa a se chamar Docile Alimentos.
1999: Início da produção de balas de goma.
2001: Começa a produção de pastilhas (atualmente, a empresa também produz as tradicionais pastilhas Garoto).
2005: Construção do novo prédio do parque fabril.
2009: Início da produção de bala de gelatina.
2011: Expansão com a inauguração de uma unidade no Nordeste, em Jaboatão dos Guararapes (PE).
2013: Início da produção do primeiro marshmallow 100% brasileiro.
2014: Inauguração do novo prédio da matriz em Lajeado e início das obras de uma nova unidade em Vitória de Santo Antão (PE).
2017: Conquista da certificação FSSC 22000, ligada à segurança alimentar, crucial para a expansão internacional.
2021: A Docile alcança a posição de maior exportadora de doces e guloseimas do Brasil.
2022: Anúncio de investimento de 100 milhões de reais para ampliação da capacidade produtiva.
2025: A Docile está prevista para integrar a lista das 100 maiores empresas mundiais do setor (Ranking Global Top 100 Candy Companies).