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Conhecimento perigoso – Jayme José de Oliveira

Conhecimento perigoso - Jayme José de OliveiraUm dos perigos de se adotar progressos científicos sem realizar pesquisas minuciosas para comprovar a inexistência de efeitos colaterais catastróficos se consubstanciou no emprego da talidomida em mulheres grávidas. O objetivo era minimizar os enjoos que ocorrem no período. Quando se verificaram teratologias (ausência de membros superiores completos) em bebês, deu-se início a um cuidado redobrado antes de licenciar novos medicamentos e lança-los no mercado, um esforço pertinente para aumentar o bem-estar da humanidade com segurança.

Vacinas e soros deram o pontapé inicial e a explosão da biologia molecular não parou mais de fornecer novas e eficazes ferramentas. A descoberta da vacina preventiva para a poliomielite foi um estímulo e os laboratórios investiram altas somas, os resultados foram compensadores. Na oncologia (estudo do câncer), até o momento os progressos são incomensuráveis, inclusive com a utilização de vetores não usuais, vírus transportando agentes de combate às células malignas, minimamente acompanhados por efeitos colaterais indesejados. O iodo 131, radioativo, para combate ao câncer da tireóide, etc.

Conhecimento perigoso - Jayme José de OliveiraO incremento da pesquisa básica, que sempre inicia sem objetivo definido apostando na hipótese de que cedo ou tarde surgirão os resultados que sem esses estudos prévios seriam impossíveis de alcançar. Quando Pièrre e Marie Curie isolaram o rádio em 20 de abril de 1902 longe estavam de saber que futuramente seria usado no combate ao câncer. Foram agraciados com o Prêmio Nobel de Física em 1903. James D. Watson e Francis Crick propuseram, em 1953, o modelo da dupla hélice do DNA e abriram as portas para que se realizassem as mutações dirigidas, os transgênicos foram possibilitados e nunca mais parou a vertiginosa escalada.

O DNA alterado por fatores externos produz replicações diferentes de si mesmo e dá origem às mutações. Algumas são deletérias, inclusive causadas por fatores estranhos, radiações, por exemplo, enquanto outras são estimuladas por fatores do meio ambiente para facilitar a adaptação, a cor escura da pele pode se tornar mais evidente na África em razão da insolação acentuada ou mais pálida em zonas frígidas, sempre buscando uma adaptação que facilite a vida e a das gerações futuras. Tem sido assim desde o início e continuará sem interrupções, sempre buscando a adaptação indispensável. Atualmente a ciência tem conseguido interferir no DNA para corrigir imperfeições ou acrescentar melhorias substanciais (surgem os transgênicos).

A ciência progride com novas ideias e conceitos numa velocidade acelerada. No último século fomos apresentados a inúmeros serviços, produtos e ideias que nossos antepassados sequer imaginavam possíveis, cito algumas: insulina (1921) que permite a sobrevida aos diabéticos, televisão, fax (já obsoleto), xerox, telefone celular, computador, internet, aviões a jato, satélites artificiais, exploração do espaço sideral, antibióticos, transplantes, órgãos artificiais e muitos mais. Já imaginaram a vida sem isso tudo?

 

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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