Construção de usinas térmicas é estratégia energética
“O sistema hidrotérmico brasileiro vai evoluir no sentido de nós completarmos o aproveitamento das usinas hidrelétricas”, disse. Ventura estimou que isso ocorrerá entre 2025 e 2030, “mais ou menos”. Haverá, segundo o secretário, um intervalo de mais 15 anos, em que a hidrelétrica funcionará como fonte principal do sistema elétrico nacional, embora simultaneamente acompanhada por outras fontes alternativas.
Até 2030, quando for concluído o aproveitamento do potencial do recurso hidrelétrico, do ponto de vista ambiental, Ventura frisou que será necessário expandir o sistema com outras fontes de geração. Ele disse que todas as demais fontes renováveis têm um papel importante e complementar a cumprir.
“Não é possível atender a um país que cresce 4 mil megawatts [MW] ou 5 mil MW por ano, e isso crescente ao longo do tempo, em função do nosso nível de consumo de energia elétrica, somente com essas fontes. É necessário ter outra fonte que a gente chama que vai ser o carro-chefe da expansão e vai se responsabilizar por 40%, 50%, 60% do incremento do mercado”.
Essas serão fontes térmicas, indicou o secretário. Entre as fontes térmicas existentes hoje, ele destacou a fonte nuclear, a fonte a carvão e a gás natural. “Como o sistema hidrotérmico do Brasil precisa de usinas de base, que operam de janeiro a dezembro, as térmicas adequadas a esse sistema não são as térmicas que têm combustível de custo elevado, derivadas do petróleo. São as térmicas que têm um custo do combustível baixo e que operam permanentemente durante os 12 meses do ano”.
Nesse sentido, Ventura salientou entre as menor custo de combustível a nuclear, seguida do carvão mineral e do gás natural, “dependendo de ter oferta de gás a um preço que permita que seja competitiva a geração [de energia]”.
O secretário disse que no planejamento de longo prazo, até 2030, está prevista a construção de mais quatro usinas nucleares no país. Esse programa, conforme destacou, se encontra em fase de estudo, “não de decisão”, em complemento à Usina Angra 3, atualmente em construção na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, no município fluminense de Angra dos Reis. “Essa visão de longo prazo está sendo revista neste momento, estendendo o horizonte de 2030 para 2050, onde a opção nuclear será reavaliada”. Ele defendeu a continuidade do programa nuclear brasileiro. As quatro usinas nucleares previstas no planejamento “continuam válidas”.
O aspecto da comercialização da energia está sendo considerado na análise das usinas nucleares. Ventura disse que a escolha permanece pela construção das novas unidades nas regiões Nordeste e Sudeste pelo fato de as duas regiões não apresentarem outros recursos energéticos suficientes para expandir a sua oferta de geração. “O país está se preparando para ter os elementos que permitam caracterizar a viabilidade técnica, econômica e ambiental de novas nucleares”.
Embora a Constituição brasileira não permita a participação do capital privado nos leilões de usinas nucleares, Altino Ventura manifestou que existe a necessidade de abertura no setor. “Não entendemos que o programa nuclear seria puramente estatal. Com a experiência que nós estamos tendo nas sociedades de propósito específico [SPEs] no parque de geração e transmissão, muito bem sucedida, é desejável que essa experiência seja estendida para a nuclear no que diz respeito à parte convencional da usina”.
Ventura observou que a evolução da tecnologia de captura de carbono será essencial para a utilização de carvão mineral como combustível para as usinas térmicas, tendo em vista as implicações ambientais e as mudanças climáticas. A análise dos custos desse processo também poderá determinar uma geração competitiva e um papel relevante do carvão mineral.