Consumidores ou otários?
Finalmente o Ministério da Justiça resolveu intervir na luta desigual entre consumidores e fornecedores, especificamente no sentido de implementar regras mais claras quanto aos SAC’s (Serviços de Atendimento aos Consumidores), em virtude da grande quantidade de reclamações vindas de todas as partes do País, onde as pessoas não conseguem resolver suas demandas, e em alguns casos, ao invés das empresas solucionarem a questão, os problemas se tornam ainda mais complicados.
As principais reclamações dos clientes são em relação às empresas de telecomunicações (telefone, Internet, TV por assinatura, etc.), instituições financeiras (bancos, administradoras de cartões de crédito, consórcios, etc.), serviços de prestações contínuas (energia elétrica, água, assinaturas de revistas e jornais, etc.), e aviação civil, especialmente com aqueles pagamentos que são efetuados através de débito em conta corrente e/ou desconto em folha de pagamento.
O Ministério da Justiça, o Poder Judiciário e os PROCONS são unânimes em afirmar que se os serviços de atendimento destas empresas que apresentam as maiores reclamações funcionassem a contento, desafogaria de sobremodo os trabalhos dos Juizados Especiais Cíveis e dos órgãos de defesa dos consumidores, que se acham sobrecarregados com milhares de processos de clientes insatisfeitos.
A má-fé destas grandes empresas fica evidente quando se percebe que no momento da contratação dos serviços, os atendentes são extremamente gentis e educados e as linhas telefônicas jamais estão ocupadas, porém, no instante em que surge o primeiro problema, o consumidor é obrigado a esperar longos minutos pelo atendimento, e dificilmente fala com um ser humano, ouvindo apenas uma gravação e uma confusão de números e opções, que de regra, nada resolvem. É a comprovação de que existem dois pesos e duas medidas, ou seja, na hora de comprar, o serviço é excelente, na hora de reclamar, o atendimento não funciona, o cliente não é tratado com o respeito e a dignidade que merece e que a Lei exige.
Acredito que a base do problema está no capitalismo atrasado implementado nos países periféricos, e nas medidas de consumo de massa, adotadas pelo novo liberalismo, que em regra, desprezam a pessoa humana que há em cada consumidor, e toda a dignidade a ela inerente, identificando-nos apenas como números, e nos tratando como idiotas, menosprezando nossa inteligência e nossa capacidade de discernimento.