Consumo perde força no primeiro semestre, diz pesquisa da Serasa
Esse resultado reflete “o esgotamento do poder de compra”, explicou o economista da Serasa, Carlos Henrique de Almeida. Com base em dados do Banco Central, ele observou que o brasileiro hoje compromete, mensalmente, 22% de sua renda com o pagamento de dívidas. O valor dos compromissos supera os 40% e isso dificulta a capacidade de inclusão de novas parcelas.
Entre maio e junho, de um total de seis setores pesquisados, três indicaram queda nos negócios: veículos, motos e peças (de 5,5% para -4,5%); tecidos, vestuário, calçados e acessórios (de 0,1% para -2,4%) e combustíveis e lubrificantes (de 0,3% para -0,5%). Nos supermercados e demais estabelecimentos do gênero onde são vendidos alimentos e bebidas, o consumo passou de um crescimento de 0,8% para uma estabilidade.
Já em dois setores restantes, ocorreram decréscimos no movimento de consumidores: nas lojas de material de construção, a taxa atingiu 0,9% ante 3,3%, e nas de móveis, eletroeletrônicos e informática l,6% ante 3,3%.
Na avaliação do economista da Serasa, a falta de dinamismo no comércio é motivo de preocupação, porque este segmento é responsável pela formação de 60% do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas geradas no país. Por essa razão, segundo pontuou, é que o governo tem concedido os incentivos fiscais.
O levantamento da Serasa mostra que os setores beneficiados pelas medidas de estímulo do governo conseguiram melhores resultados no acumulado dos seis primeiros meses do ano. É o caso, por exemplo, do comércio de material de construção, com alta de 7,7% sobre igual período do ano passado. Em veículos, motos e peças, houve crescimento de 7,4%, e em móveis, eletroeletrônicos e informática, elevação de 5,2%.
Apesar disso, Almeida alerta que a prorrogação dos incentivos como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre os setores automotivo e da linha branca (geladeira, fogões, máquinas de lavar, etc) pode ser um pouco inócua nesses próximos meses em face do nível de endividamento da população. O consumo só deve melhorar, na opinião dele, em 2013, mas ainda em nível inferior ao bom desempenho de 2010.