Coração de pedra - Jaime Pedro Kohl - Litoralmania ®
Colunistas

Coração de pedra – Jaime Pedro Kohl

O Evangelho deste domingo traz dois momentos em que Jesus é hostilizado pelos fariseus por causa da lei do sábado. Jesus, de forma determinante, contesta tanto o fato de seus discípulos colherem espigas de trigo para matar a fome quanto a cura da mão seca de um homem na sinagoga, deixando claro que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado.

A lei do sábado é boa, mas a radicalização dela é que fere e ofende outras leis igualmente importantes, como o direito à vida, à alimentação, à saúde, etc. Ambos os eventos ocorrem na sinagoga, onde as Escrituras eram lidas e estudadas. Impressiona o rigor com que os fariseus perseguem Jesus em nome da Lei. O apego à Lei os cega a ponto de não perceberem o bem que Jesus faz e a consistência de seu anúncio.

Vejamos parte da narrativa: “Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. Alguns observavam para ver se ele o curaria no dia de sábado, para poderem acusá-lo. Jesus disse ao homem com a mão seca: ‘Levanta-te e fica aqui no meio!’ e perguntou-lhes: ‘É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?’ Mas eles nada disseram. Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; disse ao homem: ‘Estende a mão’. Ele estendeu e a mão ficou curada”.

Qualquer pessoa sensata deveria reagir com um cântico de louvor e gratidão pela recuperação da saúde de um irmão que sofria com uma limitação tão grande. O legalismo impede de reconhecer um bem tão óbvio. A conclusão dos fariseus é completamente oposta: ele deveria morrer.

Diante disso, Jesus ficou cheio de tristeza. Por quê? Pela dureza de coração. Esse fechamento e insensibilidade em relação à condição dos irmãos e a não aceitação do bem evidente causaram e continuam causando tristeza e dor até os dias de hoje.

O drama das enchentes mexeu com o coração de muitos irmãos e irmãs. Torcemos que essa sensibilidade, compaixão e solidariedade continuem presentes em nós e entre nós.

Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório

Comentários

Comentários