Crise econômica global freou avanço da classe média em 2009
O levantamento mostra que a classe C, com renda entre R$ 1.115 e R$ 4.807, abrangia 53,81% dos brasileiros antes da chegada da crise financeira internacional, há dois anos. O percentual ficou praticamente estável e fechou 2009 com 53,58% da população. Essa faixa de renda vinha crescendo desde 2004 – quando representava 42,99% dos brasileiros
De acordo com a pesquisa, nos últimos seis anos, a classe C incorporou 32 milhões de pessoas, um aumento de 26% nessa faixa. O avanço, em termos percentuais, é menor do que o crescimento das classes A e B (com renda acima de R$ 4.807), que foi de mais de 50% entre 2003 e 2009.
“Nem tsunami, nem marolinha. Ressaca pesada”, disse o economista Marcelo Neri, responsável pela pesquisa, sobre os efeitos das turbulências econômicas iniciadas em setembro de 2008. “Todo mundo perdeu um pouco do que ganhou. A melhor descrição para 2009 é um revolução de 360º [graus], com as classes voltando ao mesmo lugar. O dado positivo é que parou o avanço, mas não houve retrocesso.”
Dentre as faixas de renda mais baixas, a classe D, com vencimentos entre R$ 804 e R$ 1.115, avançou de 13,18%, em dezembro de 2008, para 13,37%, em dezembro de 2009. A classe E, com renda de até R$ 804 por mês, teve uma pequena queda de 17,68% para 17,42%.
Neri espera a retomada da classe média e projeta um cenário otimista ao calcular que o país vai manter um ritmo de crescimento médio de 5% ao ano, equivalente à taxa do período compreendido entre 2003 e 2008, segundo pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) utilizadas como base para o estudo da FGV.
“Até 2014, as classes A, B e C, com um pouco de distribuição de renda no país, podem incorporar 36 milhões de pessoas – o equivalente à metade da população da França – que, junto com os 32 milhões que foram incorporados antes da crise, resulta em quase 66 milhões de pessoas no mercado consumidor do país”, acrescentou.
O economista também destaca a força das periferias no aquecimento do consumo e na retomada do crescimento. “Isso [a nova classe média, formada pelas classes A, B e C] foram nosso verdadeiro Pelé contra a crise externa. É verdade que esse Pelé se contundiu em janeiro do ano passado, mas agora está em forma e pode botar o Brasil para crescer a boas taxas.”