Da aurora ao ocaso dos meus dias – Por Renato Eduardo
“Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!”
Assim inicia o lindíssimo poema de Casimiro de Abreu, que me fez chorar neste dia cinzento de um agosto perene.
Hoje acordei antes das cinco da manhã, e depois de um período de meditação, fiquei a pensar sobre a vida e sua característica efêmera, me lembrei de alguns sonhos que tinha quando ainda menino, sonhos inocentes, simples e verdadeiros.
E me lembrei de um dia, que depois de uma tarde maravilhosa de trabalhos com meu avô e tio, na cidade do Rio De Janeiro, onde passava as férias de verão, me diverti ajudando meu avô limpar aquele grande pátio e podar algumas árvores, juntar algumas folhas e carregar com um carrinho de mão. Me lembro de ter sido tão divertido, que no final dos trabalhos, disse para meus avós que queria fazer aquilo quando fosse grande.
O tempo passou, e hoje me vejo chegar cada dia mais perto do ocaso de minha juventude e, lamentavelmente perdendo aquela inocência jovial, fico a perguntar, onde foi parar aquele menino sonhador? Onde foram parar aquelas aspirações infantis?
E, chegando neste estágio da vida, percebo que me resta pouco tempo. Vejo minha alma com pressa, pressa de realizar, de alcançar, de voar nas alturas desejadas, mas que por conta de uma infindável lista de afazeres vão ficando para segundo e terceiro planos. Vejo minhas forças se despedindo deste corpo não tão mais jovem, e nesta mente cada vez mais cheia de conhecimentos e experiências, decidi acelerar, e aproveitar os talvez vinte anos de pique que ainda restam e pisar no fundo, rumo à simplicidade da vida e a realização dos sonhos. Decido não gastar tempo com debates infantis, decido não perder tempo com coisas insignificantes, decido não perder tempo com pessoas que não são dignas de meu limitado tempo, decido não me forçar a manter uma pose de estátua e sorriso de paisagem diante da ignorância de pessoas rasas, fúteis. Decido viver o belo, decido correr, decido continuar sonhando, decido não perder tempo com aqueles que só ouvem e não mudam, pois é! Tenho pressa! Minha alma está com pressa, meu espírito segura nas grades enferrujadas de meu corpo e grita por liberdade, clama por novos lugares, por novos países, novas paisagens, e eu vou! Abrirei a porta!
E aqueles que supostamente à minha volta, dizem que também querem ir, a estes digo: acelere, aperte o passo, não perca tempo, pois cansei de esperar!
E repetindo o Grande Casimiro, digo:
“Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!”
Até a próxima!