De Memes, Emoticons, Emojis, Gifs, Filosofia, Bíblia e Torá - Sergio Agra - Litoralmania ®
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De Memes, Emoticons, Emojis, Gifs, Filosofia, Bíblia e Torá – Sergio Agra

De Memes, Emoticons, Emojis, Gifs, Filosofia, Bíblia e Torá - Sergio AgraSERGIO AGRA – Intelectual não vai a praia. Intelectual bebe.

DE MEMES, EMOTICONS, EMOJIS,GIFS, FILOSOFIA, BÍBLIA E TORÁ

Meme, emoticon, emoji, GIF e tantas outras expressões surgiram – como em tudo na Internet – a uma velocidade astronômica. Não sei ainda identificar acertadamente qual destes ícones me fora enviado.

Dito isso, recebi através do smartphone um meme, um emoticon, um emoji ou um GIF – não importa – em que se observava a imagem dinâmica representando um menino e, atrás deste, um casal de adultos. No rodapé da imagem a frase dita pelo garoto: – “Eu tenho um pai e uma mãe!”. Na sequência, divisava-se a imagem dinâmica do garoto, do casal de adultos e, mais atrás, de outros dois casais mais idosos e uma nova frase: – “Eu tenho quatro avós!”. Na subsequência o mesmo garoto, o casal de adultos precedido por dois casais de idosos que, por sua vez eram antecedidos por quatro casais de anciões e a frase do moleque garantindo: – “Eu tive oito bisavós!”. Adiante o guri ainda informava: – “Eu tive dezesseis trisavós!”.

Se o meme, o emoticon, o emoji ou o GIF se perpetuasse e o piá (ou o criador da animação) tivesse fôlego ele permaneceria, infinita e geometricamente afirmando tivera tantos tetravós, pentavós, hexavós, heptavós, octavós, eneadecavós (19ª geração de avós), hectoavós (100ª geração de avós), quiloavôs (1000ª geração de avós), até chegar a seus primeiros ancestrais.

Em esta “espiral” de ascendentes retrocedendo no Tempo,quem foram efetivamente nossos “primeiros” ancestrais? Qual a sua origem, de onde ele “vieram”, onde no Princípio de Tudo se “encontravam” esses bilhões de avós? Este questionamento não derrui respectivamente o Torá ou a Bíblia a respeito da Criação do Homem se nestes Livros são encontradas contradições entre um Capítulo e outro (Gênesis e Isaias)?

Tradições hebraicas, pergaminhos babilônicos e até vestígios na própria Bíblia indicam que a primeira mulher de Adão não foi Eva.

No Alfabeto de Ben Sirá, um dos textos que compõem a coleção de escritos rabínicos chamadoTalmud, Lilith foi criada a partir da poeira junto a Adão – portanto, antes de Eva. Mas Lilithnegou-se a deitar sob ele na hora do sexo por não se sentir inferior e, em protesto, abandonou o Éden. Ou seja, Lilith rebelou-se contra a “superioridade” masculina de Adão, o que a torna uma figura problemática para o judaísmo e para o catolicismo, religiões patriarcais.

Outra evidência de que Eva não foi a primeira pode ser encontrada nos versículos de sua criação, no capítulo 2 do Gênesis. Em várias edições do texto, Deus decide dar ao homem uma companheira “idônea”, o que sugere que alguma primeira parceira,“não idônea”, já tinha sido criada antes. Reforça essa teoria a fala de Adão em certas edições da Bíblia quando vê Eva: “Esta, sim, é osso dos meus ossos”.

A Igreja Católica deu um “delete” definitivo na única menção a Lilith dentro da Bíblia durante o Concílio de Trento. Nele, a Igreja decidiu tornar “oficial” a Bíblia Vulgata, uma tradução para latim do Século 4 que já havia trocado a palavra “Lilith” em Isaías 34 por “Ibis”. A adoção de uma versão da Bíblia que já tinha dado sumiço em Lilith permitiu que ela fosse aos poucos desaparecendo da tradição católica.

A teoria dominante sobre o Gênesis diz que a “incoerência” entre o primeiro e o segundo capítulo seria reflexo da tentativa de juntar dois mitos de criação em um livro só, e não sinais de que parte dele foi “apagado”.

A indagação de quem foram realmente os “primeiros” ancestrais, de onde “vieram” ou onde se “encontravam” esses bilhões de avós permanece no ar, assim como acende outras interrogações. Se a Peste Negra, ocorrida entre 1343 e 1356, levando a óbito 1/3 da população europeia, mais de 200 milhões de pessoas, e se as Grandes Guerras houvessem vitimados, antes do acasalamento, aqueles que viriam a ser um dos nossos avós, estaríamos, hoje, escrevendo e lendo este artigo?

Discutir o que “realmente” aconteceu no Éden e filosofar acerca da espiral de nossos ascendentes (inversa a de Fibonacci?) é igual a polemizar se Capitu traiu Bentinho: não há uma resposta.

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