De volta a infância – Por John Miler
São tempos difíceis, tempos de crises. Crises financeiras, crises morais, crises de identidade, crises de idade, enfim, são tempos difíceis. Tempos de escuridão, tempos de falta de direção, tempos de seca. E em meio a tudo isso, em meio a tanta bagunça, na maioria das vezes acabamos nos sentindo sozinhos, desamparados, sem um norte a seguir. Então a gente chora, e cai no chão e faz um barulho do tamanho do mundo, igual criança. E pensando bem sobre isso, percebo que é exatamente o que Deus quer. Que sejamos igual criança.
Lembra quando você era pequeno e estava correndo no parquinho com aquelas suas perninhas que ainda não eram bem treinadas e caiu? E então você ficou lá deitado, todo sujo e com a boca cheia de terra, chorando inconsolável enquanto um monte de crianças continuavam correndo ao seu redor? Até que sua mãe ou seu pai se levantou do banco de onde estava te observando, te ajudou a levantar, limpou você, te deu um beijo na testa e falou “pronto, agora vai brincar”? Pois é mais ou menos isso que Ele está querendo de nós.
Porque mesmo já sendo adultos, mesmo em meio a tanto barulho, tantas possibilidades, tantas incertezas, tantas pessoas correndo ao nosso redor nós ainda ficamos confusos, e nós acabamos caindo e ficando lá deitados, todo sujo, sem saber o que fazer. E então a gente se cobra, e fica pirado consigo mesmo, afinal, já deveríamos saber o que fazer, já deveríamos saber qual caminho seguir, já deveríamos saber “o que vamos ser quando crescer”. E ai vem o desespero.
E a gente se desespera porque tem essa ânsia de ser gente grande, porque o mundo espera que sejamos gente grande, a nossa família espera que sejamos gente grande, a nossa igreja espera que sejamos gente grande, o nosso trabalho espera que sejamos gente grande. E quando esse desespero bate a ficamos tentados a assumir o posto, a tomar o controle, a fazer as nossas escolhas, a nossa vontade. Mas é nesse momento, nesse momento que parece tão ruim aos nossos olhos, que o nosso Pai levanta do banco de onde estava nos observando, nos pega pela mão, nos limpa, nos enche com seu amor e diz “pronto filho, vai de novo”.
É nesses momentos de escuridão, de desespero, que precisamos nos tornar crianças, dependentes totalmente de um Pai, de um cuidado, de um abraço, de um carinho ou até mesmo de um “hey, levanta e vai de novo”. É nesses momentos que precisamos entregar tudo o que somos e o que temos nas mãos dEle, os nossos caminhos, nosso tão distante e incerto futuro, nossa vida. É nesses momentos que precisamos dizer “Pai, olha pra mim, eu sou só uma criança que não faz a mínima ideia do que está fazendo e pra onde está indo, me ajuda?”. E eu te garanto, que é tudo o que Ele precisa pra mudar a nossa história.
Que sejamos mais crianças dependentes e menos adultos auto-suficientes, que a gente se permita ser cuidado, amado e direcionado pelo Pai que nunca desampara um filho que clama por ele. Que deixemos nossos medos, anseios, temores, amores e problemas nas mãos dEle. Que sejamos filhos!
“E Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles. E disse: Com toda a certeza vos afirmo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus.” – Mateus 18: 2 e 3
Por John Miler, membro da IBFO, autor do Livro Intenso Presente e do Blog da Cabeça do John.
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