Delalves Costa, um poeta a afrontar a enfinge IX
Gostaríamos de seguir citandos os poemas e comentando, mas pelo excesso de espaço e para não corrermos o risco de reescrever o texto, terminaremos com rápidos comentários:
No poema AO SOM DA BRISA, LENÇÓIS AMARROTADOS!
À noite… dançam os lençóis…
É platéia corpo a corpo
– exaustivamente, sob aplausos.
Daaaançam…
Impressionante como o autor consegue transformar uma descrição que seria simples pela inversão metafórica, onde declara que quem está em ação, dançando, até atingir o clímax (daaaançam), são os lençóis. Os corpos são apenas platéia que exaustivamente aplaudem. Os lençóis escancaram janelas, rasgam ventos, fazem evaporar a fúria das enxurradas. O céu é o limite e os músculos pestanejam… E a brisa sopra o seu som aos lençóis amarrotados.
O poema O DISFARCE
Amanhã,
O únic’Ontem que não pode ficar triste
É o meu disfarce…
Este hoje
Que é mundo
No espelho
Das horas,
Que é reflexo
No relógio
Dos passos…
Pensar no amanhã é o único ontem que não pode ficar triste. É o disfarce do hoje que é mundo no espelho das horas, é o reflexo no relógio dos passos e que não é mais o ontem… Independente da vontade, as horas passam, óbvio.
O poema PÃO E MUNDO
O autor compara o pedaço de chão mastigado, como um pão pisoteado, repugnado.
Conclui:
Gosto de Mundo…
Imundo chão! –
Cuspido.
O gosto de mundo, como um pão, é um imundo chão, cuspido. A semelhança sonora de mundo imundo, dá um sentido mais concreto ao contexto.