Democracia – Jayme José de Oliveira
Por duas décadas sofremos sob o tacão da ditadura dos generais. Já tínhamos ultrapassado a “Era Vargas”, ainda mais feroz e sanguinária.
A DEMOCRACIA é uma flor bela e frágil. Pode ser varrida do mapa pelos ventos gélidos oriundos de políticos inconsequentes, corruptos e egocêntricos.
Felizmente, ditaduras fazem parte do passado, mas, para nos prevenirmos de uma reincidência catastrófica temos que manter em evidência uma memória coletiva escoimada do culto a líderes carismáticos, aqueles que prometem mundos e nos afundam traiçoeiramente depois de eleitos, seguindo ditames egoístas que apenas atentam para o próprio umbigo e os dos seus acólitos.
Os eleitores devem se abstrair da reverência aos ídolos que, como o gigante sonhado por Nabucodonosor tinha a cabeça de ouro, o corpo composto por metais diversos, contudo se assentava sobre frágeis pés se barro. Temos de observar com especial cuidado as plataformas eleitorais dos candidatos, filtrá-las com acuidade e descartar as que não se adequem ao papel decisivo que lhes caberá exercer: conduzir o país ao destino que merece. MERECEMOS. Cobrar os compromissos dos eleitos não terá legitimidade se formos omissos na hora de depositar os votos nas urnas. Como não podemos vetar os que nos são impostos pelos partidos, somos submetidos frequentemente a optar entre o ruim e o pior.
Trilhamos uma senda cheia de percalços, obstáculos, lodaçais. Saímos do autoritarismo das ditaduras e apenas podemos escolher líderes, não podemos rejeitar crápulas.
Uma democracia, para merecer este nome, deve não apenas oportunizar a escolha, em dois turnos, candidatos que disputarão a final. Uma democracia, para merecer este nome, deve permitir que vetemos nomes que não consideramos dignos de exercer o mandato. Absurdo? Imaginem (vou citar nomes do passado para evitar constrangimentos) um segundo turno onde os nomes fossem Marighella e o coronel Ustra. Afora os convictos, fanáticos, a maioria silenciosa não teria opção factível. Um voto de rejeição onde candidatos PALATÁVEIS disputariam. Repito, enquanto não pudermos rejeitar os que não consideramos dignos não haverá DEMOCRACIA DE FATO.
Nos últimos pleitos apenas nos disponibilizaram mais do mesmo. Saímos do autoritarismo das ditaduras para o cabresto dos partidos.
Imaginem o clima de um “Samba do crioulo doido” (Demônios da Garoa) que 33 partidos legalizados no Brasil nos oferece. Como um presidente consciente de sua responsabilidade poderá governar sem se submeter aos ritos espúrios da “governabilidade”? Como cumprir as promessas da campanha eleitoral – que todos almejamos – se cada ato terá de ser “negociado” para tramitar para ser aprovado pelo congresso que temos?
“Todo o homem que se vende recebe mais do que vale”. (Barão do Itararé)
PERGUNTAS, PERGUNTAS, PERGUNTAS. Alguém pode sugerir RESPOSTAS?
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado