Falha em extintor pode ter contribuído para a propagação das chamas que destruíram um balão de ar quente e causaram a morte de oito pessoas em Praia Grande, no sul de Santa Catarina, na manhã de sábado (21).
A revelação foi feita por um dos sobreviventes durante depoimento à Polícia Civil de SC, que investiga o caso. A informação foi confirmada por Ulisses Gabriel, delegado-chefe da corporação.
Durante o voo turístico, um incêndio teve início no cesto da aeronave, e, segundo os relatos, o extintor de incêndio a bordo não teria funcionado.
O delegado afirmou que cinco sobreviventes e o piloto já prestaram depoimento. Um deles relatou que o equipamento de segurança falhou justamente quando era mais necessário.
Investigação e diligências em andamento
A empresa responsável pelo balão, declarou por meio do advogado que todos os equipamentos, incluindo o extintor, passaram por inspeções antes do voo.
A Polícia Civil esteve na sede da empresa para verificar os documentos junto à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e também checou a regularidade do piloto, Elvis Crescêncio.
Segundo o delegado, os documentos “a princípio estão todos corretos”. A investigação ainda aguarda os laudos periciais para esclarecer a causa exata do incêndio, embora já se trabalhe com a hipótese de falha no maçarico.
Sobreviventes e vítimas
Ao todo, 21 pessoas estavam a bordo. Treze sobreviveram — todas já receberam alta hospitalar. Oito passageiros morreram, sendo quatro carbonizados e quatro ao saltarem da aeronave em chamas.
Veja quem são os mortos no acidente com balão:
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Andrei Gabriel de Melo – oftalmologista de Fraiburgo
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Everaldo da Rocha – de Joinville
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Fabio Luiz Izycki – funcionário do Banco do Brasil no RS
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Janaina Moreira Soares da Rocha – esposa de Everaldo
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Juliane Jacinta Sawicki – engenheira agrônoma gaúcha
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Leandro Luzzi – patinador e professor em Brusque
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Leane Elizabeth Herrmann – moradora de Blumenau
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Leise Herrmann Parizotto – médica, filha de Leane
Contexto do acidente
O incêndio teve início com a aeronave ainda no ar.
Ao perceber o fogo, o piloto tentou pousar e parte dos ocupantes conseguiu saltar, mas com a perda de peso o balão subiu bruscamente, aumentando a intensidade das chamas. Segundo o delegado, o foco do fogo pode ter começado no chão do cesto, onde o maçarico estava posicionado.
As imagens do balão em chamas rodaram as redes sociais e comoveram o país. O clima estava estável, sem vento, o que facilitou a gravação dos vídeos por moradores da região.
Capital dos cânions em luto
Praia Grande é um dos principais destinos de balonismo do Brasil. Apesar do nome, o município não tem mar: é famoso pelos cânions Itaimbezinho e Malacara, na divisa com o Rio Grande do Sul.
A cidade atrai milhares de turistas todos os meses para voos panorâmicos. Segundo a prefeitura, mais de 7 mil pousos e decolagens são realizados por mês, por dezenas de empresas credenciadas.
Com a tragédia, o setor turístico da cidade e a segurança no balonismo entraram em debate. Autoridades locais pedem revisão nos protocolos de segurança e fiscalização intensiva.