Descoberta de brasileiros pode mudar história da humanidade - Litoralmania ®
Peça do crânio Homo erectus (D2700) na Coletiva de imprensa no IEA com o professor Walter Neves e os pesquisadores /professores Fábio Parenti (UFPR) , Giancarlo (UNESP), Astolfo Araujo (MAE - USP) sobre a descoberta de pedra lascada que indica mudanças na história evolutiva dos humanos. Foto: Cecília Bastos/USP Imagem
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Descoberta de brasileiros pode mudar história da humanidade

Descoberta de brasileiros pode mudar história da humanidade
Peça do crânio Homo erectus (D2700) na Coletiva de imprensa no IEA com o professor Walter Neves e os pesquisadores /professores Fábio Parenti (UFPR) , Giancarlo (UNESP), Astolfo Araujo (MAE – USP) sobre a descoberta de pedra lascada que indica mudanças na história evolutiva dos humanos. Foto: Cecília Bastos/USP Imagem

Uma equipe de pesquisadores brasileiros e italianos encontrou materiais que teriam 2,4 milhões de anos em um sítio arqueológico na Jordânia.

A descoberta coloca novos elementos que podem mudar o conhecimento consolidado sobre o desenvolvimento da humanidade e das dinâmicas de migração do gênero homo a partir da África para outras regiões do planeta.

O resultado do estudo foi divulgado em uma revista científica.

Nos debates acadêmicos, a tese predominante, em que pese polêmicas e hipóteses divergentes, dá conta que o gênero homo surgiu há cerca de 2,4 milhões de anos na África, tendo como primeiro representante o homo habilis. Há 2 milhões de anos, teria surgido o homo erectus.

As primeiras evidências da presença de homo erectus fora do continente africano ocorreu em um sítio arqueológico da Geórgia, datada de 1,8 milhão de anos.

Os pesquisadores não identificaram fósseis, mas material de pedra lascada no sítio da Jordânia.

As escavações ocorreram entre 2013 e 2015. “Na hora que um homíneo lascou. Isso quer dizer um evento de lascamento. Elas estavam localizadas em algum ponto a 20 cm uma da outra. É muito possível que a gente não só tenha encontrado um sítio antigo, mas que ele tenha significado comportamental”, disse o pesquisador do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (Universidade de São Paulo), Astolfo Araújo.

As primeiras amostras foram pegas em 2013, sendo  submetidas a um método segundo o qual pedras teriam cerca de cinco milhões e o basalto mais baixo teria 2,5 milhões.

Lâminas coletadas

Segundo Giancarlo Scardia, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), outros dois métodos de datação foram aplicados em lâminas coletadas.

“Tivemos cuidado para ter uma idade mais confiável. Os dados convergem para um modelo que não tem incongruências”, afirmou o pesquisador, em São Paulo.

Coletiva de imprensa no IEA com o professor Walter Neves e os pesquisadores /professores Fábio Parenti (UFPR) , Giancarlo (UNESP), Astolfo Araujo (MAE - USP) sobre a descoberta de pedra lascada que indica mudanças na história evolutiva dos
Professor Walter Neves: descobertas demonstram que o homem não deixou a África por volta de 1,9 milhão, mas há 2,4 milhões de anos  (Cecília Bastos/USP Imagem)

Segundo o coordenador da pesquisa, o professor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, Walter Neves, as descobertas demonstraram que o homem não deixou a África por volta de 1,9 milhão, mas há 2,4 milhões de anos, e joga luz sobre qual teria sido a primeira modalidade do gênero homo a deixar o continente.

“Nós retrocedemos em 500 mil anos a saída da África. Isso coloca uma pergunta: quem foi esse primeiro hominíneo a deixar a África? O homo erectus? Fica claro que o primeiro hominíneo a deixar a África foi o homo habilis. Veja como muda a perspectiva”, declarou Neves.

O cientista destacou que essa descoberta ajuda a compreender algumas reflexões “nebulosas” nas pesquisas vigentes.

“Nossa pesquisa vai ajudar a enterrar a discussão do que fazer com essa variabilidade tremenda que tínhamos na Geórgia. Era diferente porque a transição entre habilis e erectus se deu na Geórgia. E depois disso se espalhou para o resto do mundo. A gente resolve um dos maiores pepinos da paleoantropologia dos últimos anos”, disse.

A íntegra da pesquisa está publicada na revista Quaternary Science Reviews.

Agência Brasil

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