Amanhã é o Dia dos Namorados e como vou sair de casa às 05:00 horas da madrugada para levar minha filha para uma consulta e aplicação de Quimioterapia, em Porto Alegre, com certeza não terei tempo de postar alguma coisa para a minha eterna namorada, como faço há 54 anos.
Antecipo, então, minha mensagem, na certeza de que de algum lugar do Misterioso e Desconhecido para onde ela partiu em 03.11.20 e ela possa ler este meu velho texto e responder-me com um sorriso, como sempre…
Azul profundo (no dia 12.06.98)
Para Ana Maria.
Às vezes, me encontro querendo te definir.
Penso em todo o teu ser:
teus olhos, teu sorriso,
teus cabelos, teu rosto – ora triste ora alegre,
ora brincalhão, ora sério…
Como um céu cheio de luz, que de repente se
cobre de nuvens ou como um céu cheio de nuvens
que de pronto se veste de um azul luminoso, lindo e infinito…
Tua silhueta, teu jeito tão peculiar de dizer as coisas,
teu gesto de afago, que se esconde sob teus mistérios,
tua forma tão especial de me dedicar amor.
Tua inconformidade com a respostas que não chegam,
para dúvidas que estão sempre contigo.
Tua crença na verdade, na justiça,
teu juízo de valor do certo e do errado,
tua obstinação em fazer pequenas coisas,
habilidosas que são tuas mãos, para coisas delicadas…
E fico assim, buscando te descobrir nas tuas muitas formas.
Mas não há como resolver a equação do teu mistério.
Fico com a busca permanente.
A certeza da resposta é que não existem respostas para quem
como tu, que tanto me amas
e para quem, como eu, por te amar tanto,
quer te conservar para as eternas descobertas,
como um continente ainda para ser conhecido.