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Diga não – Jayme José de Oliveira

Diga não - Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira

Na fábula “A galinha dos ovos de ouro” de Esopo, a ganância soterrou as possibilidades duma vida sem problemas financeiros para uma família de agricultores. O imediatismo levou à morte da galinha e seu sacrifício ao fim da prosperidade.

Mesmo em animais se observam comportamentos diferentes. O tamanduá abre uma pequena fenda no cupinzeiro, introduz sua língua pegajosa, se alimenta e parte, deixando pequenos danos passíveis de reparação. Uma nova investida é possível no futuro. O urso, ao se deparar com uma colmeia destrói-a e se sacia apenas uma vez.

Esses preliminares para exemplificar que mesmo predadores podem ser inteligentes, contanto que o imediatismo, a ganância desmedida não turvem suas visões. A Petrobras foi saqueada desde o início, porém, até os fatos mais recentes, sem exageros, e isso permitia seu crescimento e aumento dovalor intrínseco, permitindo, consequentemente, possibilidade de continuar a “ordenha”.

O que se viu nos últimos anos? Um desenfreado assalto via corrupção-corruptos-corruptores. Resultado? A 12ª empresa mais valiosa do mundo foi precipitada para um modesto 120º lugar, acumulando dívidas em vez de proporcionar abastança. Por que tamanha sofreguidão? O receio de não conseguir o desejado enquanto ocupassem posições que possibilitam saques? Estultice extrema. Ratearam-se os cargos que deveriam ser preenchidos por técnicos especializados (a exploração do petróleo exige muita competência) entre apadrinhados políticos que apenas sabiam “encher o tanque” e não era com combustível. Com dinheiro. Milhões. Muitos.

Pedro BaruscoFº, ex-gerente de Serviços da Petrobras, cargo de segunda linha, repatriou da Suíça R$ 180 milhões e ainda faltam R$ 120 milhões de outras contas no exterior segundo afirmou Vladimir Aras, secretário de Cooperação Internacional da Procuradoria Geral da República. Se tal soma estava disponível, qual terá sido o total surrupiado?Além dos “malfeitos” diretos, outras consequências se avolumam, até fora do Brasil.

A Petrobras informou (03/01/2018) que chegou a um acordo para encerrar uma ação coletiva movida por investidores americanos por perdas provocadas após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Lava-Jato. A empresa pagará 2,95 bilhões de dólares após a provação preliminar pelo juiz JedRakoff, da Corte Federal de Novo Iorque.Em nota divulgada no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a estatal do petróleo diz que “o acordo objetiva encerrar todas as demandas atualmente em curso e que poderiam vir a ser propostas por investidores em ações e bônus da Petrobras adquiridos nos Estados Unidos”.

O texto diz ainda que “este acordo elimina o risco de um julgamento desfavorável que, conforme anteriormente reportado ao mercado no formulário anual arquivado na bolsa de valores brasileira e americana, poderia causar efeitos materiais adversos à companhia e a sua situação financeira” e “põe fim a incertezas, ônus e custos associados à continuidade dessa ação coletiva”.

Parodiando o ex-presidente Lula: “Nunca antes na história deste país… houve tamanho assaque às nossas riquezas”.

E foram apaniguados de diversos partidos políticos, sofreguidão não tem exclusividade. Barusco era braço direito de Renato Duque, que fora indicado pelo ex-ministro José Dirceu, referendado pelo ex-presidente Lula.

A corrupção iniciou no Brasil com a “Carta de Achamento” escrita por Pero Vaz e Caminha ao rei Dom Manoel, pedindo clemência ao genro desterrado.

Muitos anos depois, a PEC da reeleição foi aprovada com votos barganhados a R$ 200 mil (os deputados Ronivon Santiago e João Maia – PFL, atual DEM-Acre renunciaram ao mandato em consequência). Atualmente essa quantia não estimula nem um assessor dum assessor.

Então, explodiu como uma bomba a Lava-Jato. Milhares de páginas documentais culminaram com julgamentos e condenações. Políticos, empresários e toda a sorte de malfeitores, na ânsia de diminuírem suas penas recorreram a delações premiadas e muitas outras são esperadas.

NENHUM ESCALÃOESCAPOU INCÓLUME. Em 24 de janeiro o ex-presidente Lula, condenado a9 anos e 6 meses pelo juiz Moro enfrentará a corte do TRF4, em Porto Alegre.
Consequência colateral da orgia generalizada: De R$ 852 bilhões, o total da dívida do Brasil (interna+externa) em 2002, catapultou para uma quantia aproximada a R$ 4 trilhões em 2017.

Fazer o correto não é fácil, para tanto é necessário termos vontade e persistência. Este precisa ser nosso pensamento primordial. Não basta discernirmos o certo do errado, é fundamental nos convencermos (TODOS) que, se não o fizermos, toda a sociedade sofrerá as consequências.

Os convictos em suas posições não admitem verdades que não sejam as suas, querem nos convencer que não podemos ter ideias diferentes. Querem que nos consideremos inimigos. Irreconciliáveis. Raciocinemos sobre o que disse Nelson Mandela, um exemplo de quem foi prisioneiro por 27 anos e ao sair, investido no poder supremo:

“Um dos erros que alguns analistas políticos cometem é pensar que adversários são inimigos, que deveriam ser inimigos”.

Diga não - Jayme José de Oliveira

Jayme José de Oliveira

cdjaymejo@gmail.com

Cirurgião-dentista aposentado

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