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Dilma

Confesso que fiquei envaidecido ao ver na televisão, dia desses, a postura da nossa presidente (quase escrevo agora, em ato falho, a palavra “presidenta”) perante a abertura da  68ª Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Que postura! Que ar distinto, estamos bem representados em imagem e oratória – pensei. E ela mostrou ao mundo toda a sua coerência e passado de pacifista quando repudiou o atentado terrorista no Quênia: “jamais transigiremos com a barbárie”.

E, vestida de azul-marinho, continuou a discursar. Foi convicta ao denunciar que o Brasil fora ferido e afrontado, de forma solerte, por aqueles que ousaram em nos espionar, desrespeitando princípios comezinhos que regulam as relações entre os povos e os homens de boa vontade.

Ela não economizou críticas em defesa da nossa Pátria à ousadia de termos sido varridos com vasculho de dados pessoais dos nossos cidadãos, e da exposição das nossas empresas (veladamente – bem percebi – as palavras eram em defesa da Ford, da General Motors e do McDonald's, que tão bem alimentam as nossas crianças).

A presidente pareceu-me, na ONU, atingir um grau bastante elevado na escala dos valores morais, intelectuais e estéticos; foi perfeita em postura e conteúdo. E eu, de pé, orgulhava-me da mandatária.

Mas logo abandonei o meu devaneio ufanista. Caí na dura e perigosa realidade. A oratória da senhora presidente foi contra os Estados Unidos, embora em nenhum momento – a bem da verdade – tenha mencionado o nome desse país.  Meu pensamento imediatamente voltou-se para Obama. E indaguei com os meus botões: qual será o sentimento de Barack? De humilhação diante da enérgica denúncia? De medo? De represália?
 
Será que a nossa presidente não foi informada por sua assessoria que os americanos possuem a CIA que tantos governos ajudou a derrubar pelo mundo, através de seus agentes? Ou que Obama pode determinar que parte da Quinta Frota deixe o Mar Vermelho e siga, imediatamente, para a costa da América do Sul, comandada pelo próprio vice-almirante Mark Fox?

E caso Obama imponha, por receio, o estado de alerta em seu país contra possível ataque nuclear brasileiro? Neste caso poderá redirecionar os mísseis balísticos de longo alcance, inclusive os estão na Turquia, para Brasília e para o Rio de Janeiro (o alvo, em Brasília, certamente será o Congresso Nacional; e no Rio, o Palácio Guanabara).

Admito que temi pela presidente – e por nós também. Mas logo veio o Obama e, no seu discurso, não demonstrou qualquer contrariedade ao que disse à nossa ilustre dama mandatária; sequer deu de ombros.

No dia seguinte, fui tomado de uma tranquilidade completa: Dilma reuniu-se com os empresários americanos a atrair seus investimentos, pois o país – ela garantiu a eles – respeita os contratos firmados, é seguro e, sobretudo, está de braços abertos ao grande capital internacional.

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