E agora, José? – Jayme José de Oliveira
PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.
E AGORA, JOSÉ?
Bolsonaro continua a incitar seus seguidores contra as urnas eletrônicas e os ministros do STF. O clímax da campanha do presidente na tentativa de desacreditar as urnas eletrônicas ocorreu quando, fora da agenda oficial, promoveu, no dia 18 de julho, no Palácio da Alvorada, uma reunião com embaixadores estrangeiros, durante a qual apresentou suas desconfianças – nunca comprovadas – em torno do sistema eleitoral brasileiro (não esqueçamos que este mesmo sistema avalizou as eleições de Bolsonaro para deputado e para presidente).
O STF também entrou no rol das críticas quando “baixou a ripa” na suposta falta de isenção dos juízes Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre Moraes.
Nos bastidores, integrantes do Itamaraty mostram desconforto com a miscigenação do aparato diplomático com os rompantes politico-eleitorais do presidente. Para exacerbar ainda mais as patacoadas, os presidentes do STF, Luiz Fux e do TSE, Edson Fachin, apesar de convidados declinaram.
Numa maçaroca que nos força a contorcionismos para tentar entender, em 2018 apontava os políticos do Centrão como “a escória de tudo o que há de pior no país”, depois de eleito loteou o governo entre integrantes deste grupo para garantir a sustentação no Congresso.
O partido que escolheu para concorrer à reeleição (PL) é chefiado, segurem-se para não cair, por Valdemar Costa Neto, um dos condenados no escândalo do Mensalão, durante o primeiro governo Lula.
Patrocinou a campanha contra as vacinas para combater a pandemia do Covid-19 e em contraponto defendeu o Kit-Covid, providências que facilitaram a ocorrência de inúmeras mortes, nunca saberemos quantas.
Não é apenas Bolsonaro que tem crises de esquecimento nesta campanha eleitoral, seu provável concorrente no segundo turno, o ex-presidente Lula, vem cortejando desavergonhadamente políticos que derrubaram a então presidente Dilma Rousseff. Michel Temer, o vice-presidente que tramou o impeachment da mesma, era considerado golpista por 10 entre 10 petistas. Este mesmo “golpista” acena com um possível apoio a Lula e o ex-presidente não tem pejo em tentar, insistentemente, uma aproximação com o MDB. Venha a nós o vosso voto, o passado é o passado, apenas o futuro interessa.
https://raymundopassos.jusbrasil.com.br/noticias/177552720/a-bomba-do-bndes-esta-para-estourar-20-obras-e-3000-emprestimos-a-outros-paises. Raymundo Passos
DURMA-SE COM UM BARULHO DESSES!
Todo este preâmbulo para embasar uma tese que defendo desde sempre:
Só haverá uma DEMOCRACIA VERDADEIRA quando o eleitor tiver o direito de recusar os candidatos apresentados pelos partidos.
Estamos, em 2022, compelidos a decidir entre dois candidatos que fornecem evidentes razões para a desconformidade dos eleitores que não se alinham entre os “convictos”. E sabemos que convictos votam em qualquer candidato indicado pela cúpula partidária. Até em “postes” já votaram. Não interessam os senões assacados. Apoiam, mesmo os acusados (comprovadamente) de quaisquer “barbaridades” que tenham cometido, sejam quaisquer ideários que propugnem. Mesmo que seja o conhecido “quero o meu”.
Imaginem a catastrófica eventualidade de os eleitores serem apresentados num segundo turno aos nomes de Carlos Marighella – político, escritor e guerrilheiro comunista marxista-leninista. Um dos principais organizadores da luta armada contra a ditadura militar brasileira. Chegou a ser considerado o inimigo número um do regime.
Contrapondo a “ilustre figura” de Marighella, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o “pavor de Dilma Rousseff”, por ter comandado as sessões de tortura contra a ex-presidente, presa durante o regime militar. Centenas de sessões de tortura foram executadas pelo DOI-CODI sob o comando do coronel Ustra.
Lembro Carlos Drummond e Andrade:
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José? …Em quem votarás?
Reitero: DEMOCRACIA que mereça este nome, só no dia em que pudermos, não apenas eleger quem mereça os votos e os cargos, também, recusar os que não façam jus à sagrada missão. Mais de 50% de votos em branco ou nulos e nova eleição deverá ser convocada, com exclusão dos candidatos anteriores.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado