É bom ser padre – Dom Jaime Pedro Kohl
O mês de agosto na Igreja do Brasil é dedicado às vocações. Nesta primeira semana, vamos refletir e rezar pelas vocações sacerdotais.
Enquanto cristãos, somos todos chamados ao seguimento de Jesus. As formas de segui-lo se diferenciam segundo os serviços específicos a serem assumidos na Igreja, povo de Deus. Por isso, as modalidades e exigências podem variar segundo a vocação própria e o estado de cada um.
Todas as vocações são importantes e dignas de estima, complementares umas das outras.
Devemos reconhecer que não é fácil, hoje, para um jovem trilhar o caminho do sacerdócio. Se antigamente era visto como uma questão de honra para a família, agora socialmente falando, beira mais para a loucura e a insensatez.
Infelizmente essa é a visão míope de muita gente, até mesmo entre praticantes da fé. Há uma grande pobreza de compreensão dos valores que acompanham o ideal da vocação sacerdotal.
Quando é visto, simplesmente, como um profissional do sagrado, seu significado fica comprometido e sua nobre missão ridicularizada.
A verdadeira compreensão desta vocação exige uma leitura na ótica da fé. Contudo, mesmo humanamente falando, o serviço que o padre presta junto à comunidade é nobre e digno, seja pelo lado social e muito mais quando se trata do aconselhamento espiritual e administração dos sacramentos.
E, como não compreender a conveniência do celibato quando há tanta gente mal-amada, abandonada, desorientada, órfã, precisando de alguém lhe faça de pai, mãe, irmão, irmã, ou seja, um ombro amigo que os escute e ajude a discernir os rumos de sua vida?
Quando assumimos o sacerdócio e suas exigências livremente, com conhecimento de causa, com uma visão teológica e espiritual adequada, segundo o projeto de Deus e o ensinamento da Igreja, experimentamos uma liberdade que os casados custam a entender.
Se o padre se esforça de viver bem e com fidelidade sua missão junto à comunidade e essa aceita seu ministério, nasce um vínculo afetivo, uma relação de paternidade e filiação espiritual de grandíssimo valor.
Enquanto pessoas humanas, somos suscetíveis a fraquezas e fragilidades como todos. Mas, se formos sinceros e esforçados na vivência do nosso ministério, somos para a comunidade cristã uma referência importante. Isso não por mérito nosso, mas pela graça própria do sacramento da Ordem.
Exemplo disso é São João Maria Vianney, que embora seus grandes limites a nível intelectual, conquistou a França e o mundo com sua piedade e generosidade.
Digo a todos e, especialmente, aos jovens vocacionados: é bom ser padre!
Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório