Eduque para ser feliz e não para ser perfeito – Jayme José de Oliveira
Vivemos em uma sociedade que valoriza demais a perfeição – esquece que a perfeição simplesmente não existe. Quando se busca a perfeição a felicidade fica em segundo plano e não se aproveita a vida. Se uma criança é educada para ser perfeita, em vez de ser feliz ela irá se tornar uma pequena pessoa triste, frustrada e insegura, perdendo a oportunidade de aprender com os erros.
O admitir sermos imperfeitos nos permite o sentimento de sermos livres sem a compulsão de jamais errar. Paramos de perseguir uma quimera irrealizável. Somos humanos, imperfeitos e só dessa maneira podemos progredir cada dia na perseguição de um sonho realizável, este sim ao nosso alcance.
Uma criança não deve ser estimulada a tirar dez em todas as provas, mas em se esforçar dentro de suas possibilidades e assim progredir, passo a passo, estudar para se aperfeiçoar e isso sempre será possível, sem traumas. Ao admitir o imperfeito os pais não castigam os filhos nas dificuldades, elogiam seus progressos sem compará-los com os outros. Sem rótulos. Com estímulos. Ressaltar, sempre, que precisam ser felizes agora, assim sendo transitam para um futuro em que viverão dentro de seus potenciais, sendo felizes e não minados pela ansiedade de sempre ultrapassar metas. Viver agora, amanhã e sempre.
A competição que nos acompanha durante a vida nos estimula a progredir na carreira em companhia e não em confronto permanente. Neste mundo há lugar e oportunidades para o convívio harmonioso. É assim que se conquista o sucesso.
A felicidade não é uma meta, é um caminho. Devemos usufruir a felicidade durante todos os momentos e não condicioná-la a metas. O sucesso é o coroamento do nosso labor e se consegue admitindo os percalços, eles no ensinam o caminho e devemos ser humildes em admiti-los. Ao final o sucesso será uma consequência da correção do rumo.
Educar para ser feliz significa viver num mundo onde as emoções são protagonistas, onde a convivência é fundamental e devemos andar de mãos dadas, só assim coabitaremos em ambientes harmoniosos, onde cada qual compartilha os espaços – suficientes para todos – contanto que saibamos respeitar e valorizar.
Vivemos em sociedade e a felicidade está umbilicalmente ligada ao bem-estar de todos. A disciplina positiva irá possibilitar tudo isso. Lembrando o lema dos Três Mosqueteiros, descrita por Alexandre Dumas: “Um por todos e todos por um”, axioma universal com um sentido ainda mais profundo, representa a união de todos num só objetivo, a união dos ideais coletivos e valores que devem ser defendidos porque eles são o esteio da vida em sociedade, com todas as forças e potencialidades. Abandonar a competitividade que grassa sem freios nem escrúpulos, esquecer a “lei de Gerson” – levar vantagem em tudo – que esta mesma sociedade tenta nos impingir. Em vez disso, permitir que nossos filhos decidam, que errem, chorem, aprendam, sintam frustrações e satisfações… porque para sermos felizes temos que ser imperfeitos.
Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado