Eis o Milagre dos Números
Comprou um apartamento avaliado em 6,6 milhões, num bairro nobre de São Paulo, além de um escritório, por 882 mil. E isso que o ministro, em 2006, quando se elegeu deputado federal, declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio de 375 mil reais. E, nos quatro anos seguintes, no exercício do seu mandato, recebeu pouco menos de 1 milhão em salários. Valor abaixo do preço pago pelo escritório e pelo apartamento de quatro suítes.
Eis o milagre dos números!
Convenhamos, antes de escolher algum ministro o governo federal dispõe de elementos para saber a evolução patrimonial de quem é indicado. Quando alguém se candidata a um cargo eletivo, deve prestar explicações à Justiça Eleitoral, e demonstrar o que tem, tostão por tostão. Quando se tornam ministros, é ao Executivo que devem demonstrar o que possuem direitinho.
Nesse caso, a dedução é óbvia: a senhora Dilma sabia que o ministro Antônio Palocci multiplicou – biblicamente – por vinte o seu patrimônio pessoal. Como o povo esquece facilmente, e uma variação patrimonial neste valor em quatro anos de um simples deputado federal – para os abjetos governistas – é coisa reles, então que se emposse o homem, bolas!
A mim, quase nada surpreende. Afinal, nunca antes na história desse país se avançou tão abertamente e com tanta volúpia sobre o erário como nos últimos 12 anos, sem que nada – absolutamente nada – acontecesse às aves de rapina do establishment. O próprio Palocci, envolvido num esquema nebuloso da máfia do bingo, e forçado pela pressão da opinião pública a renunciar ao cargo de Ministro da Fazenda, acabou por ser reeleito e absolvido pelo STF.
O que me pasma, nesse caso, é que Palocci se ensoberbece de ser trotskista. Trotski era um revolucionário, homem de ação e teórico. Ocupou cargo de cúpula quando a Revolução Russa triunfou. Ao medir força com Stalin foi expulso da Rússia. Acabou assassinado no México. Na sua biografia e no seu inventário, porém, nada consta que possuísse qualquer propriedade ou dinheiro.