Imagem mostra mãe de Miguel carregando mala no dia do desaparecimento
Policial

Em audiência, madrasta de Miguel conta detalhes e dá sua versão sobre morte de menino

A ré Bruna foi interrogada nesta tarde, e atribuiu a responsabilidade pela morte de Miguel dos Santos Rodrigues, de sete anos, ocorrida no final de julho, em Imbé, à mãe do menino.

Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, também acusada pelo crime, preferiu valer-se do direito de permanecer em silêncio.

Ambas respondem pelos crimes de tortura, uma vez que, conforme a denúncia do Ministério Público, submetiam a criança a agressões físicas, privação de liberdade e intenso sofrimento emocional, homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, com emprego de meio cruel), que teriam planejado e executado, e pela ocultação do cadáver.

A denúncia foi recebida pela Justiça em 17/8.

O interrogatório de Bruna encerrou dois dias de audiências na Comarca de Tramandaí, nas quais também foram ouvidas 25 testemunhas arroladas no processo.

Bruna respondeu a perguntas do Juiz de Direito Gilberto Ponto Fontoura e do Promotor Público André Luiz Tarouco Pinto, antes de recusar-se a continuar com o procedimento.

A acusada contou que no dia em que o menino desapareceu, Yasmin o agrediu muito, inclusive batendo a cabeça dele numa parede, e o mantendo preso em um guarda-roupa e no poço de luz do apartamento.

Miguel não sangrava, mas apresentava roxos, segundo Bruna. Em dado momento, no início da noite, próximo da janta, Yasmin contou para Bruna que foi ao quarto e notou que Miguel estava morto. Bruna afirma ter estado sempre na sala, sem poder entrar no quarto.

A ré, perguntada pelo representante do Ministério Público sobre como reagiu e porque não auxiliou o menino em algum momento, disse que ficou em pânico e que não sabia como pedir ajuda, sentia medo de pedir ajuda porque Yasmin a ameaçava. “Eu queria me meter mas não podia”.

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Antes, ao responder ao magistrado, Bruna chorou, momento que também levou o juiz a emocionar-se. Sobre os movimentos seguintes, a acusada contou que Yasmin a chamou para sair, ir ao rio. A mãe do menino teria posto o corpo dentro da mala, deitado, com braços e pernas dobrados. No caminho até o rio, Yasmin não disse nada, lembrou.

Bruna ao longo do interrogatório recordou dos maus-tratos a que o menino era submetido pela mãe, os descuidos com a alimentação, castigos em que a criança era mantida no armário, agressões, e que procurava ajudá-lo quando podia. Disse que a mãe da criança sabia como mantê-los em silêncio, sugerindo coação psicológica. Sobre o relacionamento, iniciado em junho do ano passado, Bruna também se queixou da agressividade de Yasmin.

Sobre a ocasião em que Yasmin confessou o crime aos policiais, disse que ela só o fez depois de ser agredida pelos policias.

Questões de ordem

Após o interrogatório, as defesas apresentaram algumas questões de ordem, analisadas pelo Juiz Gilberto Fontoura Pinto.

A suspeição do Juiz pelo fato de ter se emocionado durante o interrogatório de Bruna foi negada.

Assim como foi negado o questionamento pelo fato do Juiz ter iniciado as perguntas para as testemunhas.

Requisição para a Brigada Militar do documento gerado quando da primeira ida da guarnição até a residência das rés, foi concedida pelo magistrado.

Houve ainda referência de que haviam documentos em sigilo nos autos, inacessíveis às defesas. Em razão disso, o Juiz Gilberto Fontoura acatou o pedido para levantamento do sigilo e suspendeu os prazos para apresentação de memoriais para após o cumprimento das providências determinadas.

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