Foto: Maurício Tonetto/Secom - Chuvas provocam estragos e alterações no tráfego nas rodovias do RS
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Enchentes no RS e incêndios nos EUA têm algo em comum? Entenda o fenômeno

O efeito de chicote hidrológico, um fenômeno climático que envolve mudanças abruptas entre extremos de seca e chuva, tem causado impactos devastadores em diferentes partes do mundo.

Enquanto no Rio Grande do Sul, enchentes históricas assolaram a região entre 2023 e 2024 após anos de estiagens severas, o sul da Califórnia enfrenta incêndios florestais intensificados por um clima que passou de úmido para extremamente seco.

Pesquisadores alertam que essas oscilações climáticas, cada vez mais frequentes devido às mudanças climáticas induzidas pelo homem, estão ampliando os riscos de desastres naturais.

Um estudo liderado por Daniel Swain, cientista climático da UCLA, aponta que o aquecimento global já aumentou o efeito de chicote hidrológico em até 66% desde meados do século passado.

“O aquecimento adicional deve intensificar ainda mais esses eventos, tornando períodos secos mais severos e chuvas concentradas em tempestades extremas”, afirma Swain.

Segundo a Metsul, o cientista explica que o aquecimento global age como uma “esponja atmosférica”, absorvendo mais água e liberando-a em precipitações intensas, ampliando enchentes e secas.

Na Califórnia, a vegetação favorecida pelas chuvas de 2023 secou rapidamente com a onda de calor e falta de chuvas, criando condições propícias para incêndios florestais devastadores.

Desde outubro de 2024, a região enfrenta seca recorde, agravada por ventos fortes que potencializam as queimadas.

No RS, as chuvas extremas entre 2023 e 2024 contrastaram com as estiagens que marcaram o triênio anterior.

Essa alternância climática extrema, destacada pelos cientistas, exemplifica como o efeito de chicote hidrológico pode transformar radicalmente as condições meteorológicas de uma região.

Publicada na revista Nature Reviews Earth & Environment, a pesquisa evidencia que o aumento das emissões de gases de efeito estufa acelera esses extremos.

Projeções indicam que eventos como os de 2024 podem se tornar regra, e não exceção, em um cenário de aquecimento global acima de 3ºC.

Os impactos vão além das mudanças no clima. “Oscilações intensas trazem riscos de incêndios perigosos, enchentes súbitas, deslizamentos de terra e até surtos de doenças”, alerta o estudo.

Tanto na Califórnia quanto no RS, essas mudanças exigem maior preparo para mitigar os desastres naturais que já afetam milhões de pessoas.

Com as evidências apontando para um futuro de eventos climáticos ainda mais extremos, cientistas reforçam a necessidade de ações globais para limitar o aquecimento e minimizar os impactos do efeito de chicote hidrológico.

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